Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea), Yukiya Amano, disse hoje (2) que há sinalizações positivas que indicam a possibilidade de retomada das negociações entre a comunidade internacional e o Irã. Segundo ele, os integrantes do Grupo de Viena (Estados Unidos, França, Rússia e a própria Aiea) demonstram interesse em reiniciar o diálogo com o governo iraniano.
As informações são da rede de televisão estatal do Irã, PressTV. “Estou trabalhando nisso”, disse Amano. “Eu tenho percebido uma reação positiva dos Estados-membros [do Grupo de Viena]. Então, por que não [retomar o diálogo]?” A principal crítica dos integrantes da Aiea é que o Irã não permitia a inspeção das usinas no país, levantando suspeitas sobre o programa nuclear em desenvolvimento.
Para parte da comunidade internacional, o programa nuclear iraniano esconde a produção de armas atômicas. Mas o governo de Mahmoud Ahmadinejad nega as acusações. As autoridades iranianas trabalham com a retomada das negociações para setembro, depois do ramadã – que é nono mês do calendário muçulmano quando os praticantes da religião ficam em oração, jejum e fazem caridade. Amano afirmou hoje que considera possível a previsão de setembro.
Em outubro de 2009, o Grupo Viena se ofereceu para mediar o envio da maior parte do urânio pouco enriquecido do Irã para fora do país em troca de material (enriquecido) destinado aos reatores nucleares. Porém, o acordo não foi adiante. Depois, em maio deste ano, houve uma nova tentativa de consenso.
Em 17 de maio, o Brasil e a Turquia mediaram um acordo com o Irã para que o país envie 1.200 quilos de urânio enriquecido a 3,5% para o território turco. Em troca, receberá 120 quilos de urânio enriquecido a 20%. Mas a comunidade internacional rejeitou a proposta. Desde junho, o Irã está submetido a uma série de sanções impostas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, os Estados Unidos, o Canadá e a União Europeia.
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse que está confiante na retomada das negociações. No final do mês passado, ele se reuniu com os chanceleres da Turquia e do Irã para conversar sobre o assunto. O Brasil mantém a disposição de contribuir na busca por um acordo.
Edição: Nádia Franco