Importação de aço da China pela Transpetro é um “desserviço” ao Brasil, diz IABr

28/07/2010 - 18h39

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - A aquisição, pela Transpetro, de aço da China para a construção dos navios que compõem o Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef) é um “desserviço” ao Brasil na opinião do presidente executivo do Instituto Aço Brasil (IABr), Marco Pólo de Mello Lopes.

Ele disse que vai conversar com o presidente da Transpetro, Sergio Machado, “para tentar fazer com que o fornecimento de aço para o Promef seja nacional”. Lembrou que na China, 70% das empresas são controladas pelo governo, o câmbio não é flutuante como ocorre no Brasil, há menos impostos e a indústria chinesa conta com amplos subsídios governamentais. A importação de aço chinês pela Transpetro acaba tirando empregos no mercado brasileiro, afirmou.

Perguntado se o encontro com Sergio Machado poderá ocorrer nos próximos 30 dias, o presidente executivo do IABr afirmou que “vai depender da agenda [do presidente da Transpetro]”.

Marco Polo descartou que o aço nacional é mais caro do que o produto internacional. “Se nós comparamos o [preço do] aço brasileiro com o do mercado internacional, certamente haverá uma diferença, porque o mercado internacional hoje está super ofertado, [tem] preços deprimidos, práticas predatórias, incentivos. Quando se compara o preço no mercado interno nacional com o preço no mercado interno de outros países, a afirmativa de que o aço brasileiro é mais caro perde o sentido”, afirmou.

O executivo esclareceu que, embora a principal matéria-prima do aço, que é o minério de ferro, tenha aumentando o preço em cerca de 100% este ano e sinalize para outro reajuste em torno de 35%, o impacto na ponta é pequeno. Como exemplo, informou que o aço participa com 55,7% no peso de um carro, mas com apenas 7,9% no valor de venda do veículo. No peso de uma geladeira, o aço tem participação de 55,1% e menos de 10% no valor de venda. Em relação ao fogão, o aço representa 75,4% mas, no valor de venda, o peso do produto é de 17,9%.

Também na área da construção civil, a pesquisa divulgada pelo IABr revela que o aço está presente em 4,6% no custo da obra e em apenas 2% no valor de venda de um prédio médio.

O presidente executivo do IABr, bem como o presidente do Conselho Diretor da entidade, André Johannpeter, demonstraram preocupação diante dos aumentos do minério de ferro e do carvão, porque isso traz volatilidade ao mercado, sinalizando a existência de um monopólio no setor.

Apenas três empresas, entre as quais a brasileira Vale, detêm mais de 80% do mercado internacional de minério de ferro, destacou Marco Polo. E admitiu que os constantes reajustes do produto implicarão em novos aumentos no preço do aço “em algum momento”, embora não soubesse dizer quando isso ocorrerá nem qual será a intensidade desse reajuste. Este ano, o preço do aço subiu entre 10% e 15%.

Procurada pela reportagem da Agência Brasil, a Transpetro respondeu que não irá comentar as declarações do presidente do Instituto Aço Brasil.

 

 

Edição: Aécio Amado