Garcia sugere monitoramento conjunto de fronteiras à Colômbia e à Venezuela

28/07/2010 - 16h58

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, sugeriu hoje (28) uma trégua à Venezuela e à Colômbia, que estão em crise. Segundo Garcia, o ideal é que ambos os lados suspendam as declarações públicas que suscitam reações mútuas. A proposta é retomar as discussões apenas depois da posse do novo presidente colombiano, Juan Manuel Santos, no dia 7, explicou Garcia.

“Minha percepção é que os dois países deveriam estabelecer uma espécie de trégua, cessar declarações públicas e esperar que o novo presidente tome posse. E que, a partir daí, os dois países tentem uma negociação direta. Acho que seria muito oportuno”, afirmou Garcia, que atua como um dos negociadores na mediação de um acordo de paz entre a Colômbia e a Venezuela.

Amanhã (29) o assunto será tema de reunião eantre os ministros das Relações Exteriores dos 12 países que integram a União de Nações Sul-Americanas (Unasul), em Quito. O Brasil será representado pelo secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, Antonio Patriota, mas Garcia também participará das negociações.

Para o assessor da Presidência, a Venezuela e a Colômbia devem estabelecer um acordo para o monitoramento da região fronteiriça. Bem-humorado, Garcia definiu a área como “terra de ninguém”, uma vez que há suspeitas de que no local estejam integrantes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), do Exército de Libertação Nacional (ELN), de paramilitares e de narcotraficantes, além de pessoas perdidas.

“Seria muito oportuno avançar em monitoramento nas fronteiras, uma vez que há suspeita [da presença de integrantes] das Farc, do Exército de Libertação Nacional, de paramilitares, de narcotraficantes, de gente perdida, lá tem de tudo”, disse ele.

Em seguida, Garcia acrescentou: “Não estou inventando nada. Essa proposta foi apresentada no ano passado. O Equador e a Colômbia fazem um monitoramento entre os dois países e é uma experiência muito boa. Acho que, se isso fosse feito, seria um segundo passo. Ali é terra de ninguém”.

Garcia evitou comentar as denúncias apresentadas pela Colômbia. “Não tenho condições de avaliar as denúncias de um lado e de outro, que é terra de ninguém”, disse ele. No último dia 22, o governo da Colômbia apresentou, em uma sessão da Organização dos Estados Americanos (OEA), denúncia sobre a suposta existência de 87 acampamentos e 1.500 guerrilheiros colombianos em território venezuelano.  

Desde então foi deflagrada uma crise entre os dois países. O presidente venezuelano, Hugo Chávez, anunciou o rompimento das relações diplomáticas.

Edição: Nádia Franco