Serra diz que não há mais espaço para analfabetos no Brasil

22/07/2010 - 19h05

Renata Giraldi
Repórter da  Agência Brasil

Brasília - O candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, disse que educação tem de ser uma obsessão de governo porque o desenvolvimento e a qualidade de vida dependem no nível de ensino. Em entrevista ao Programa 3 a 1, da TV Brasil, que vai ao ar hoje (22) às 22h, Serra lembrou que seu avô e seu pai eram analfabetos, mas no Brasil “não há mais espaço” para isso.

“Meu avô nasceu e morreu analfabeto, meu pai ficou analfabeto até os 20 anos. No Brasil, não tem mais espaço para isso”, afirmou Serra, em entrevista da qual participaram os jornalistas Tereza Cruvinel, diretora-presidente da EBC, João Bosco Rabello, diretor da Sucursal do Estado de S.Paulo em Brasília, e Luiz Carlos Azedo, colunista do Correio Braziliense.

Desde ontem (21) a TV Brasil promove uma rodada de entrevistas com os três candidatos à Presidência da República mais bem colocados nas pesquisas eleitorais. As entrevistas dos candidatos Dilma Rousseff, do PT, José Serra, do PSDB, e Marina Silva, do PV, ocorreram em dias alternados. A ordem das entrevistas foi definida por sorteio. A entrevista de Dilma foi ao ar na noite de ontem (21) e a de Marina será amanhã (23), às 22h.

Serra afirmou que pretende incentivar o ensino técnico e profissionalizante no país. Para ele, a educação orientada é um meio de combater o desemprego e a falta de oportunidades de trabalho para jovens e adultos. O candidato lembrou, inclusive, da queixa de uma mulher cuja filha estava prestes a completar 18 anos e perderia o direito ao Bolsa Família.

“Outro dia conversei com uma mulher que tem uma filha que ia fazer 18 anos, ia perder a Bolsa Família e não tinha emprego”, contou o candidato. “Então, vamos dar uma profissão [para essa moça e outros jovens em situação semelhante]. Vamos criar 1 milhão de vagas técnicas, vamos fazer cursos [profissionalizantes]”, disse.

Segundo Serra, é também a educação que pode prevenir que crianças e adolescentes sejam seduzidos pelas drogas. “A educação tem de ter uma obsessão no Brasil. Podemos introduzir o combate à droga no ensino fundamental”, afirmou.

Ao ser perguntado sobre temas polêmicos, como o casamento de pessoas de mesmo sexo, proposta recém-aprovada na Argentina, e a legalização do aborto, Serra indicou que não pretende mudar as leis vigentes. “No que depender de iniciativa do Executivo, eu não procurarei mudança na lei atual [no que se refere ao aborto]”, disse ele, informando que o Sistema Único de Saúde (SUS) deve dar assistência a todas as mulheres que o procurarem em casos, por exemplo, de gravidez gerada por estupro.

Para Serra, o Estado não deve interferir na questão da união de pessoas do mesmo sexo. Segundo ele, as religiões é que devem definir sobre a condução de caso a caso. “Acho que não é uma questão do Estado. Virou uma questão xodó das entrevistas. É um problema das pessoas. Cada crença entra na questão. Se uma Igreja não quer casar, o Estado não se intromete”, disse.

Edição: Nádia Franco