Luiz Antônio Alves
Correspondente da Agência Brasil na Argentina
Buenos Aires – As relações entre o Brasil e a Argentina estão em seu melhor momento político. O diálogo entre os dois países não se limita aos frequentes encontros de seus presidentes, mas abrange a participação dos ministros e das autoridades de áreas importantes dos governos, demonstrando a intensidade dessas relações, disse o embaixador brasileiro na Argentina, Enio Cordeiro, em entrevista exclusiva à Agência Brasil.
De acordo com o embaixador, desde que assumiu o governo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já fez cerca de 20 viagens à Argentina, enquanto autoridades do país vizinho mantiveram visitas ao Brasil na mesma proporção, complementando um trabalho periódico de intensificação de projetos e atividades comuns.
O embaixador disse que o Brasil e a Argentina têm interesse na consolidação desse entendimento político não apenas no plano bilateral, mas também na participação de ambos na agenda internacional. “Os dois países são participantes ativos do G20 financeiro e do G20 comercial. Os presidentes do Brasil e da Argentina também se encontram no contexto multilateral com frequência cada vez maior. Creio que é necessário aprofundar cada vez mais essa relação, que já é intensa e profunda, e trabalhar para que nossas economias se mostrem fortemente integradas”.
Segundo Enio Cordeiro, Brasil e Argentina podem realizar atividades significativas em matéria de cooperação em áreas estratégicas. “Vejo a necessidade de um esforço para que os dois países projetem interna e externamente um nível de cooperação que se mostre bastante vigoroso, sobretudo em áreas de ponta como a cooperação nas áreas nuclear e espacial e nas indústrias aeronáutica e naval”.
O embaixador acrescentou que encontros bilaterais permitiram o desenvolvimento de quase 30 projetos conjuntos em diferentes áreas como a de energia, por exemplo. Enio Cordeiro disse que na agenda de qualquer semana, o nível e a intensidade das atividades bilaterais é muito importante. “Nessa semana, por exemplo, temos funcionários do BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] em Buenos Aires, tratando de interesses comuns com o Banco da Nação Argentina e com o banco de inversões e comércio exterior do país”.
De acordo com o embaixador, o comércio bilateral tem se desenvolvido de forma intensa. Houve uma quebra de intercâmbio comercial em 2009, devido ao impacto da crise financeira no sistema produtivo dos dois países, o que acabou comprometendo as importações e exportações, mas, a partir de determinado momento, a situação se normalizou.
"Até o mês de maio, computamos crescimento sistemático de 50% no intercâmbio comercial em relação ao ano passado. Se em 2009 houve uma queda de 20% em relação a 2008 – ocasião em que o intercâmbio tinha chegado a US$ 31 bilhões –, em 2010 ocorreu aumento de 50% em relação ao ano passado. Isso mostra que, possivelmente até o fim deste ano, teremos, novamente, uma situação recorde no intercâmbio. Estamos recuperando todo o terreno perdido e isso mostra a vitalidade da integração econômica entre o Brasil e a Argentina”.
Edição: Rivadavia Severo