Dissidentes cubanos libertados chegam à Espanha

13/07/2010 - 15h46

Da Agência Brasil

Brasília - Um grupo de sete dissidentes cubanos com suas respectivas famílias chegou hoje (13) à Espanha. Os sete foram os primeiros de uma lista de 52 prisioneiros políticos que estão sendo libertados segundo acordo fechado na semana passada entre o governo cubano, a Igreja Católica de Cuba e diplomatas espanhóis. A informação é da BBC Brasil.

A Igreja Católica cubana informou que 20 dos 52 dissidentes aceitaram a oferta de exílio na Espanha. Segundo as autoridades, eles não são obrigados a ficar no país europeu e estão livres para ir aonde quiserem. Tanto o Chile como os Estados Unidos já ofereceram asilo aos dissidentes. Pelo menos três prisioneiros teriam dito à Igreja que preferiam permanecer em Cuba.

"Somos o início de um caminho que pode ser o começo de uma mudança para o país", disse o grupo, por meio de um comunicado lido no desembarque em Madri. "Para nós, o exílio é uma continuação da luta, e pode-se lutar de muitas formas. Esperamos que aqueles que permanecem em Cuba tenham a mesma liberdade que temos”, diz a mensagem. A libertação dos dissidentes anunciada na semana passada poderá ser a maior desta década na ilha comunista.

Os 52 prisioneiros que estão ganhando a liberdade fazem parte de um grupo de 75 pessoas detidas em 2003 e condenadas a penas que vão de seis a 28 anos de prisão. Os outros 23 prisioneiros já foram libertados.

Depois que o acordo foi anunciado na semana passada, o dissidente Guillermo Fariñas, que estava à beira da morte, encerrou a greve de fome que mantinha havia 130 dias. No domingo (11), um grupo de mães e mulheres de presos políticos – conhecido como Damas de Branco – pediu, na marcha semanal que as mulheres promovem em Havana, a libertação de todos os opositores ao governo cubano que permanecem na prisão. Segundo a Comissão de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional, havia 167 prisioneiros de consciência em Cuba antes da libertação deste grupo.

O governo cubano nega que mantenha presos políticos, descrevendo-os como criminosos financiados pelos Estados Unidos para desestabilizar o país. Horas antes dos dissidentes partirem, o ex-presidente Fidel Castro, de 83 anos, apareceu na TV estatal pela primeira vez em 11 meses. Em uma entrevista de uma hora e meia, Fidel falou sobre a Coreia do Norte e o Irã e voltou a atacar os Estados Unidos. Mas Fidel não fez qualquer menção aos prisioneiros.

Edição: Vinicius Doria