Dissidente cubano suspende greve de fome depois de 135 dias

08/07/2010 - 18h47

Da Agência Brasil

Brasília – Em greve de fome há 135 dias, o dissidente político cubano Guillermo Fariñas, de 48 anos, encerrou hoje (8) o protesto, depois que o governo de Cuba anunciou a libertação de presos políticos. No último domingo (4), os médicos que tratavam de Fariñas informaram que ele corria risco de morrer. As informações são da agência BBC Brasil.

Ontem (7), depois de um longo processo de negociação envolvendo a Igreja Católica de Cuba e o governo da Espanha, as autoridades do país concordaram em libertar 52 presos políticos. A previsão é que eles sigam para o exílio na Espanha. Será a maior liberação em massa de dissidentes em décadas.

Hoje o governo anunciou que seis presos políticos serão transferidos de presídios para ficar mais perto da família. Para especialistas, é o primeiro passo para a libertação. O governo de Cuba estava sendo pressionado a libertar os dissidentes desde a morte de Orlando Zapata Tamayo, em fevereiro. Depois que Tamayo morreu, Fariñas iniciou sua greve de fome.

Farinãs se recusava a ingerir comida ou água em uma campanha para libertar 28 presos políticos que estão doentes. Inicialmente, o dissidente não acreditou na libertação dos 52 prisioneiros políticos. Mas, nesta manhã, um grupo de dissidentes viajou até Santa Clara para confirmar a notícia.

Há menos de uma semana, em uma ação surpreendente, o jornal oficial cubano Granma publicou uma longa entrevista com o médico que cuida de Fariñas, Armando Caballero, na qual ele afirmava que seu paciente teria um coágulo sanguíneo no pescoço, que poderia interromper o fluxo de sangue ao coração, além de ter contraído uma infecção.

A entrevista pode ter dado um tom de urgência à decisão do governo cubano de prosseguir com a libertação dos 52 prisioneiros políticos. Depois do anúncio da libertação, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Espanha, Miguel Ángel Moratinos, pediu que a União Europeia reveja o embargo a Cuba.

A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, descreveu a libertação dos prisioneiros políticos como "algo que já devia ter ocorrido há tempos, mas mesmo assim, (uma decisão) muito bem-vinda".

Edição: Nádia Franco