Ex-líder panamenho é condenado a sete anos de prisão na França por lavagem de dinheiro

07/07/2010 - 19h46

Da Agência Brasil

Brasília - A Justiça da França condenou hoje (7) o ex-líder militar do Panamá Manuel Noriega a sete anos de prisão por lavagem de dinheiro do narcotráfico colombiano. Noriega nega ter promovido, no final da década de 1980, a lavagem de cerca de US$ 2,8 milhões provenientes do Cartel de Medellín, na época uma poderosa rede colombiana de tráfico de drogas. As informações são da agência BBC Brasil.

O juiz francês também ordenou a apreensão de 2,3 milhões de euros (mais de R$ 5 milhões) dos bens de Noriega. Um tribunal francês havia condenado o militar em 1999, época em que estava preso nos Estados Unidos por tráfico de drogas. A França concordou em realizar um novo julgamento se ele fosse extraditado do país.

A extradição ocorreu em abril deste ano. O ex-general é acusado de usar bancos franceses para ocultar os lucros do tráfico de drogas colombiano. A defesa de Noriega alega que as acusações fazem parte de um plano político global contra ele e que a sentença foi severa demais. Yves Leberquier, um dos advogados de defesa, afirmou que Noriega estava "abatido e surpreso com esta decisão, que ele não compreende".

A promotoria acusou Noriega de lavar 2,3 milhões de euros do Cartel de Medellín, na década de 80, usando o já extinto Banco de Crédito e Comércio Internacional da França. O dinheiro teria sido usado pela mulher dele, Felicidad, e por uma empresa para a compra, em Paris, de três apartamentos de luxo. Os imóveis foram confiscados pela Justiça francesa.

Ao defender-se, Noriega afirmou que as acusações de lavagem de dinheiro eram um "esquema bancário imaginário". O advogado Yves Leberquier afirmou que uma longa sentença na prisão seria o mesmo que prisão perpétua para Noriega, que está com 76 anos e sofre de paralisia parcial e pressão alta.

A extradição para a França foi criticada por muitos no Panamá, que desejam julgar Noriega, no país, por acusações de tortura e assassinato de opositores. Então chefe das Forças Armadas, Noriega, na prática, comandou o Panamá de 1983 a 1989, embora nunca tenha sido presidente do país.

Apontado como um dos principais aliados dos Estados Unidos na América Latina, Noriega foi apoiado por Washington até 1987, mas, no ano seguinte, foi acusado de tráfico de drogas. Tropas americanas invadiram o Panamá em dezembro de 1989 após a morte de um fuzileiro dos Estados Unidos e prenderam Noriega no ano seguinte.

Condenado, Noriega cumpriu sentença de 17 anos de prisão no estado norte-americano da Flórida, até 2007. Depois, ele permaneceu detido nos Estados Unidos aguardando a extradição para a França até este ano.

Edição: Lana Cristina