Vinicius Konchinski
Enviado especial
Joanesburgo – O balanço final dos custos dos estádios construídos pela África do Sul para a Copa do Mundo indica que o governo gastou 16,5 bilhões de rands (R$ 3,8 bilhões) com as obras. A quantia ultrapassou dez vezes o valor previsto inicialmente pelo governo, quando a África do Sul ainda era candidata a sediar o Mundial. Na época, em 2003, o valor estimado foi de 1,6 bilhão de rands (R$ 370 milhões), a serem gastos com a construção e a adequação dos seus estádios.
Levantamento do Tesouro Nacional sul-africano, dias antes do início do torneio, já apontava que o gasto real tinha sido dez vezes maior que o esperado. O valor também superou em 98% o que havia sido previsto em um segundo projeto feito para o Mundial, esse divulgado em 2006. Três anos depois da primeira estimativa, o governo havia ajustado sua previsão para 8,3 bilhões de rands (R$ 1,9 bilhão). Gastou quase o dobro.
Dos dez estádios que receberam jogos do Mundial, pelo menos oito custaram mais que o esperado em 2006. A reforma do Ellis Park, de Joanesburgo, por exemplo, custou 400% mais que o previsto. Já a construção do novo e moderno Green Point, da Cidade do Cabo, superou em 175% seu orçamento.
Para o diretor da empresa Stadium Management, Barry Pollen, diferenças entre a previsão e o custo de um estádio são normais. Materiais como cimento e ferro, além de itens como mão de obra e o câmbio, tudo isso varia durante o período da construção e influencia no gasto final. Para Pollen, no entanto, o aumento foi exagerado no caso dos estádios da África do Sul.
Na opinião do empresário, isso ocorreu devido à falta de controle mais severo das obras pelo governo sul-africano, o maior financiador dos investimentos. “Faltou controle”, disse. “As obras atrasaram, tiveram que ser apressadas e acabaram custando mais.”
Segundo Pollen, a experiência sul-africana deveria ser observada atentamente pelo Brasil, que sediará a próxima Copa. Para ele, o Brasil já está atrasado em suas obras e corre o risco de arcar com custos extras para receber os jogos do Mundial daqui a quatro anos.
“Os projetos deveriam estar fechados há dois anos, mas há cidades que nem sabem onde vão ocorrer os jogos”, alertou, ao lembrar do exemplo de São Paulo. “Quando as obras começarem, já estarão atrasadas. As empreiteiras, com certeza, cobrarão mais para cumprir o prazo exigido.”
Edição: Lana Cristina