Vinicius Konchinski
Enviado Especial
Pretória (África do Sul) – A invasão de um vestiário por um torcedor na Copa do Mundo é, segundo a polícia da África do Sul, mais do que delinquência. Para o comissário nacional da corporação, general Bheki Cele, o ato é parte de um complô orquestrado por um jornalista britânico para desqualificar o esquema de segurança pública montado para o Mundial.
Cele concedeu hoje (29) entrevista em Pretória, capital executiva da África do Sul, para falar do assunto e anunciar a prisão do repórter do jornal Sunday Mirror, Simon Wright.
Ele foi detido ontem, na Cidade do Cabo, sob a acusação de colaborar com a invasão de Pavlos Joseph ao vestiário da seleção inglesa, no último dia 18.
“Temos razões para acreditar que esse incidente foi orquestrado”, afirmou Cele. “A polícia acredita fortemente que o motivo era colocar a segurança da Copa do Mundo em uma má situação e possivelmente lucrar com esse fato.”
Segundo a polícia, Wright reservou, usando nomes falsos, um hotel para Joseph na África do Sul. Também o entrevistou enquanto a polícia o procurava pela invasão. “Acreditamos que havia um contrato entre o invasor e o jornalista”, disse o comissário.
Cele afirmou que Wright havia escrito antes do início da Copa uma série de artigos apontando problemas de segurança na África do Sul. Esses problemas, segundo Cele, são falsos.
“Disseram que as pessoas não poderiam sair na rua aqui”, lembrou. “Hoje, encontro com turistas ingleses e dizem que os jornais britânicos mentiram. Eles querem voltar para cá com amigos e família.”
O porta-voz do Sunday Mirror, Nick Fullagar, afirmou hoje a agências de notícias internacionais que apoia a conduta de Wright. Segundo ele, o repórter teve um comportamento "perfeito" e agiu "legitimamente" para apurar a invasão do vestiário. Fullagar informou ainda que o Sunday Mirror contratou um advogado para tratar do caso.
Edição: João Carlos Rodrigues