Luiz Antônio Alves
Correspondente da Agência Brasil na Argentina
Buenos Aires - O novo ministro das Relações Exteriores da Argentina, Héctor Timerman, assumiu o cargo hoje (22), reafirmando, à imprensa, o que já tinha dito sobre as relações de seu país com o Brasil. “É um país irmão”. A posse de Timerman foi marcada por cerimônia curta, de apenas dois minutos e sem discursos oficiais, presidida pela presidente Cristina Kirchner, no Salão Branco da Casa Rosada.
Ao falar com a imprensa depois da cerimônia, o chanceler também afirmou sobre o Brasil que, além de um país irmão, "somos sócios no Mercosul". "Também somos sócios na democracia e na construção política da América do Sul", disse. "Portanto, com o Brasil, não temos nenhum tipo de problema. Ao contrário, trabalhamos juntos quando eu ocupava a embaixada argentina em Washington. Sempre tivemos uma excelente relação em todos os assuntos de que tratamos".
Timerman comentou o acordo costurado pelo Brasil, em que a Turquia se comprometeu a enriquecer em percentual maior o urânio levemente enriquecido pelo Irã, e que foi rechaçado pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU). "Este é um assunto a ser resolvido pelo Brasil. Não interferimos na política externa brasileira, nem de qualquer outro país", disse. "Da mesma forma, não admitimos que outros países interfiram na política externa da Argentina".
Ao responder a Agência Brasil, sobre seu primeiro compromisso oficial no país, o novo ministro disse que, provavelmente, visitará Brasília assim que seus assessores acertarem uma data com o Itamaraty. Timerman embarca na próxima quinta-feira (24) para Nova York, para tratar, nas Nações Unidas, da soberania argentina em relação às Ilhas Malvinas.
"Enquanto a Argentina celebra o bicentenário [da República], o chanceler tem de falar sobre um tema colonial", disse. Sem se referir ao Reino Unido, que venceu a guerra pela posse das Malvinas em 1982, Timerman acrescentou que "há países que não compreendem que, no século 21, o colonialismo não deveria existir.”
A cerimônia de posse de Timerman foi assistida pelo ministro da Economia, Amado Boudou, por representantes de empresários e trabalhadores, pelo secretário-geral da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), Néstor Kirchner, e por cinco mães da Praça de Maio, que usavam lenços brancos. As mães tornaram-se conhecidas pelos protestos que fizeram na praça diante da Casa Rosada, a sede do governo argentino, no fim dos governos militares que comandaram o país, pelo desaparecimento de seus filhos durante o período da ditadura.
Edição: Lana Cristina