Luiz Antônio Alves
Correspondente da Agência Brasil na Argentina
Buenos Aires - A delegação brasileira que participa do 3º Encontro Regional sobre Mecanismos Internacionais de Assistência Humanitária apresenta hoje (18), na capital argentina, um programa de computador com um banco de dados capaz de gerenciar donativos enviados às populações atingidas por desastres naturais. O principal objetivo do encontro, que reúne 20 países da América Latina e do Caribe, é produzir um mecanismo comum de assistência humanitária que possa atender com rapidez e eficiência às vítimas de terremotos, tsunamis e outras catástrofes em vários países do mundo.
De acordo com Werneck Carvalho, coordenador de Prevenção e Preparação do Departamento de Minimização de Desastres da Secretaria Nacional de Defesa Civil, o banco de dados, criado pelo Ministério das Relações Exteriores, é uma novidade neste encontro. Segundo ele, a criação da ferramenta foi decidida em Florianópolis, no ano passado, durante o 2º Encontro Regional sobre Mecanismos Internacionais de Assistência Humanitária.
"Detectamos algumas dificuldades referentes, por exemplo, ao envio de donativos às pessoas que estão desabrigadas por causa de uma enchente ou devido a outro desastre natural. Muitas vezes, essas doações não atendem às necessidades imediatas das populações atingidas por desastres naturais, como é o caso de roupas que não podem mais ser usadas ou remédios com data de validade vencida", disse Carvalho, em entrevista à Agência Brasil.
Outro problema encontrado no gerenciamento da assistência humanitária está no transporte de doações de um país para outro. O coordenador disse que barreiras burocráticas atrasam a prestação do serviço. “É preciso que encontremos, neste encontro de Buenos Aires, um mecanismo de liberação mais rápida das cargas contendo donativos destinados à assistência humanitária."
O encontro dos países da América Latina e do Caribe não é conclusivo. "Não vamos sair daqui com um documento estabelecendo todas as normas de assistência humanitária. Este e outros encontros semelhantes são necessários para que os resultados sejam encaminhados aos governos federais, por meio dos diplomatas, para que seja agilizada a criação do mecanismo comum de assistência”, afirmou Carvalho.
Na avaliação dele, o Brasil dispõe de uma boa estrutura de assistência humanitária. "Temos o Centro Nacional de Gerenciamento de Desastres, que trabalha muito bem tanto no território nacional quanto no atendimento a outros países, como o Haiti. Prestamos assistência muito grande à população haitiana, enviando mais de 500 toneladas de donativos com a ajuda do Ministério da Defesa, da Aeronáutica e da Marinha. Nossa experiência no Haiti também será apresentada neste encontro em Buenos Aires"
De acordo com Werneck Carvalho, a infraestrutura brasileira de assistência humanitária é autossuficiente, por isso o Brasil nunca pediu ajuda internacional. Ele destacou que o Sistema Nacional de Defesa Civil reúne órgãos federais que coordenam e gerenciam todo o atendimento às populações necessitadas, além de órgãos estaduais e municipais que podem ser acionados quando uma campanha de doação às vítimas de catástrofes naturais é necessária. A Secretaria Nacional de Defesa Civil se encarrega de todo o processo de armazenagem e transporte das doações.
O 3º Encontro Regional sobre Mecanismos Internacionais de Assistência Humanitária termina na tarde de hoje com a divulgação da Declaração de Buenos Aires. O documento reunirá as sugestões que serão apresentadas aos governos dos países latino-americanos e do Caribe.
Edição: Juliana Andrade