Chanceler iraniano critica Obama e diz que Estados Unidos querem impor política hegêmonica

14/06/2010 - 14h55

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Cinco dias depois de o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovar as sanções ao Irã, o ministro dos Negócios Estrangeiros do país (o equivalente ao Ministério das Relações Exteriores), Manouchehr Mottaki, intensificou hoje (14) as críticas ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Para Mottaki, ao recusarem o acordo nuclear, intermediado pelo Brasil a pela Turquia, os Estados Unidos perderam “uma oportunidade” e tentam consolidar a “política da hegemonia” mundo.

As informações são da agência oficial de notícias, a Irna. “O presidente dos Estados Unidos tinha avisado pessoalmente aos presidentes da Turquia e do Brasil que teria um papel ativo no acordo de troca nuclear. Mas simplesmente perdeu a oportunidade e revelou a verdadeira imagem da hegemonia defendida pelos Estados Unidos”, disse Mottaki.

No mês passado, foi negociado o acordo nuclear determinando que o Irã enviaria 1,2 mil quilos de urânio levemente enriquecido a 3,5% para a Turquia. Em um prazo de até 12 meses, o Irã receberia 120 quilos de urânio enriquecido a 20%. Isso atenderia à reivindicação de parte da comunidade internacional para evitar o risco de enriquecimento do material para fins não pacíficos.

No entanto, o acordo foi rejeitado pelos Estados Unidos, a Inglaterra, a França, a China e a Rússia e a Alemanha (que não integra o grupo de membros permanentes do Conselho de Segurança). Para esses países, a ameaça de produção de armas atômicas no programa nuclear iraniano permaneceria, mesmo com o acordo firmado.

Para o ministro das Relações Exteriores do Irã, nos últimos 30 anos a política externa dos Estados Unidos foi marcada por “administrações erradas” em relação às “nações do mundo”. Mottaki fez as críticas durante conversa com o presidente do Parlamento turco, Mehmet Ali Sahin, em Teerã.

Para o parlamentar turco, é possível dar continuidade à busca de uma solução pacífica para encerrar o impasse envolvendo o Irã e parte da comunidade internacional. “O impasse nuclear deve ser resolvido por intermédio de negociações e meios diplomáticos”, disse ele, insistindo que o acordo nuclear ainda está sobre a mesa de negociações.

Na última quarta-feira (9), o Conselho de Segurança, com 12 votos favoráveis, aprovou uma série de sanções ao Irã. Apenas o Brasil e a Turquia foram contrários. O Líbano se absteve na votação. As medidas atingem diretamente as áreas comercial e militar do Irã. Autoridades iranianas avisaram que, depois das sanções, as negociações com a comunidade internacional seriam suspensas. Mas ainda não foi dada uma definição final sobre o tema.

Edição: Juliana Andrade