Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – A Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (Ccir) da capital fluminense está preocupada com denúncias de perseguição a ciganos pela Guarda Municipal. Nesta semana, a comissão enviou um ofício ao prefeito do Rio, Eduardo Paes, cobrando esclarecimentos sobre casos de “restrição de liberdade” na Quinta da Boa Vista, zona norte da cidade, ocorridos no início do mês.
No documento, a comissão pede que o prefeito indique um representante para explicar, na próxima quarta-feira (16), quando a comissão volta a se reunir, a suposta norma que impede mulheres ciganas de lerem mãos no parque da Quinta da Boa Vista. Depois do encontro, representantes de várias religiões vão discutir como encaminhar a denúncia.
“A priori, houve um cerceamento do direito de ir e vir, mas pode ter sido um caso de violência religiosa, racista”, declarou o secretário da comissão, Jorge Mattoso. De acordo com a União Cigana do Brasil, que apresentou a denúncia à Ccir, a Guarda Municipal cobra dos ciganos uma autorização, por escrito, da prefeitura, para permitir a entrada deles na Quinta da Boa Vista. A entidade relata que, por várias vezes, mulheres ciganas foram constrangidas ao lerem mãos no local e foram retiradas do parque por guardas municipais.
“Não há uma data precisa do acontecimento porque os relatos não são sistemáticos. Os guardas reconhecem as ciganas pelas roupas, perguntam o que elas vão fazer lá e respondem que, para ler mãos, precisam de autorização”, contou Jacqueline Assumpção, da coordenação da instituição que representa o povo cigano. “Como muitas têm medo de falar, não sabemos exatamente quando aconteceu”.
A Guarda Municipal informou, em nota, que “não procede” a denúncia da comunidade cigana e que não tem conhecimento sobre qualquer procedimento que impeça a circulação do povo no local. A União Cigana do Brasil também denunciou que há preconceito em outros locais e afirmou que mulheres foram impedidas de trabalhar em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, por constrangimento imposto por camelôs, e também na Feira de São Cristóvão, zona norte da capital.
Os administradores da Feira de São Cristóvão disseram que só restringiram o acesso de ciganos que mostravam fotos de crianças doentes para pedir dinheiro. Já a prefeitura de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, não respondeu à Agência Brasil os pedidos de esclarecimento feitos pela reportagem.
Edição: João Carlos Rodrigues