Argentinos começam a entrar no clima da Copa do Mundo

11/06/2010 - 10h02

Luiz Antônio Alves
Correspondente da Agência Brasil na Argentina

Buenos Aires - A sexta-feira será um dia normal de trabalho na capital argentina, apesar do início da Copa do Mundo de Futebol. Diferentemente do pouco entusiasmo demonstrado pela população na semana passada para manifestar seu apreço à seleção nacional, nos últimos três dias começaram a surgir sinais de que os torcedores já se posicionam para fazer o seu papel. As empresas e os órgãos públicos argentinos, cientes da força representada pela torcida, tomaram providências para compatibilizar o trabalho com o fervor dos "hinchas", como são chamados os amantes do futebol.

Um vídeo produzido pelo jornal La Nación mostra o chefe de gabinete da prefeitura de Buenos Aires, Horacio Rodriguez Larreta, anunciando uma novidade para a população: telões gigantes de 10 x 7 metros – dotados da tecnologia LED, que permite a exibição de imagens perfeitas – foram instalados na Praça San Martin e no Parque Bicentenário como um atrativo a mais na busca pelo entusiasmo popular.

No mesmo vídeo, o embaixador da África do Sul em Buenos Aires, Anthony Leon, aparece usando a camiseta da seleção de seu país, tocando uma corneta e afirmando: "Em nome do governo e da população sul-africana, estamos muito agradecidos à prefeitura por instalar esses telões, já que eles oferecerão a cada argentino que não pode viajar para ver aos jogos a possibilidade de assistir à magia dos próximos 30 dias."

No centro industrial da Mercedes Benz, as partidas serão exibidas em telas gigantes para os 1,3 mil funcionários da empresa. Também serão sorteadas bolas de futebol autografadas por astros dos clubes locais. A Procter & Gamble, do setor de higiene pessoal, instalou dez televisores nos corredores e no auditório da sede administrativa e em suas três fábricas.

Uma empresa de consultoria financeira da Argentina informou, após realizar pesquisa em diferentes setores da economia do país, que a interrupção do trabalho durante os jogos terá custo "insignificante", ao mesmo tempo em que ajudará no bom clima de trabalho e impedirá prejuízos com a possível ausência dos trabalhadores. Os consultores calcularam que, de sete jogos dos quais a Argentina poderá participar caso acumule vitórias, três deles seriam realizados aos sábados e domingos, o que reduziria o impacto sobre o balanço mensal das empresas.

Restaurantes e bares providenciaram televisores de tela plana para incentivar a torcida dos clientes, além de decorar paredes com réplicas de camisetas usadas pelos astros do futebol argentino em outras copas. Algumas redes de cinema também exibirão os jogos com imagens em alta definição. Os ingressos custam 60 pesos, o equivalente a R$ 30 para os jogos com a participação do time argentino, e 40 pesos (R$ 20) para os demais.

Algumas escolas e universidades permitirão que os alunos assistam aos jogos da seleção argentina no ambiente de estudo. A iniciativa teve uma justificativa do ministro da Educação, Alberto Sileoni. Ele disse que devido à "magnitude cultural do futebol, pode-se usá-lo para fins pedagógicos".

Edição: Juliana Andrade