Alana Gandra
Repórter Alana Gandra
Brasília - O Rio de Janeiro conseguiu escapar dos efeitos da crise internacional sobre as exportações brasileiras de vestuário. Dados do primeiro quadrimestre do ano, divulgados hoje (28) pelo Centro Internacional de Negócios (CIN) da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), mostram que o estado continuou crescendo, mesmo diante das adversidades no mercado externo. “O Rio está buscando o equilíbrio”, afirmou o gerente do CIN, João Paulo Alcântara.
Nos primeiros quatro meses de 2001, as exportações de vestuário fluminenses representavam 3,71% do total das vendas externas brasileiras do setor. “A participação do Rio estava muito aquém do seu potencial”, lembrou Alcântara. Hoje, o estado é responsável por 15,5% do embarques desse segmento.
De acordo com Alcântara, isso se deve ao processo de reestruturação do setor de moda fluminense, que resultou em produtos de elevado valor agregado e maior qualidade, com investimentos na capacidade criativa da indústria local. “O Rio de Janeiro escolheu uma estratégia. O estado tem uma característica produtiva de empresas de pequeno porte, que, se por um lado, não nos dá um volume de produção monstruoso, nos dá agilidade e capacidade de adaptação às novas realidades”. Ele considerou isso uma vantagem para o Rio enfrentar a competitividade da indústria asiática.
O mesmo processo vem sendo observado em outros estados, como São Paulo, onde o preço médio por quilo de vestuário exportado saltou de US$ 15 em 2002 para mais de US$ 40 hoje. No estado do Rio, a valorização atingiu 280,62%. O preço do produto fluminense exportado no primeiro quadrimestre deste ano foi de US$ 86,59 o quilo, contra US$ 22,75 em 2001. “O produto de baixo valor agregado saiu da pauta. O que está sendo exportado é o produto que tem diferenciação”.
Todos esses fatores tornaram o Rio de Janeiro menos vulnerável a problemas pontuais, como a crise internacional, disse o gerente do CIN. O Rio abriu o leque de mercados importadores da moda, optando por vender a países desenvolvidos e com maior poder de consumo, que valorizam fatores como design, criatividade e qualidade. Os principais destinos foram Estados Unidos, Portugal, Itália, Namíbia, França, Japão e Grécia.
O número de destinos subiu de 32, em 2001, para 63 este ano. Alcântara disse que as estatísticas provam a solidez das exportações de vestuário fluminense. “O Rio consegue crescer em volume e em valor agregado, ampliando a sua carteira de clientes. Isso vem se mostrando contínuo ao longo de dez anos.”
Enquanto as exportações brasileiras de vestuário experimentaram retração de 35,24% nos últimos dez anos, passando de US$ 91,86 milhões nos quatro primeiros meses de 2001, para US$ 54,49 milhões no primeiro quadrimestre deste ano, os embarques de moda do Rio de Janeiro mostraram expansão de 171,92% em igual período. As exportações fluminenses subiram de US$ 3,4 milhões para US$ 9,26 milhões, de acordo com a estatística do CIN.
Edição: João Carlos Rodrigues