Política do século 21 tem que ter transparência e diálogo, diz Lula

27/05/2010 - 17h20

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu hoje (27) com veemência às insinuações de que ele e o primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyiq Erdogan, foram orientados pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, para negociar o acordo de paz com o Irã. Segundo Lula, eles não receberam “procuração” alguma para buscar o acordo.

“Não temos procuração nem queremos ter procuração para tratar da questão nuclear”, disse Lula, na primeira visita de Erdogan ao Brasil, antes do almoço oferecido à comitiva turca, no Itamaraty. Lula confirmou que ele e Erdogan receberam uma carta de Obama, semanas antes de ser fechado o acordo nuclear no Irã.

Na correspondência, Obama faz uma série de recomendações sobre um eventual acordo. No geral, essas sugestões estão presentes nos dez itens da Declaração de Teerã.

Segundo Lula, é necessário estar com “a cabeça aberta” para haver um acordo e chegar a um consenso. “Com truculência a gente não resolve nem os problemas da casa da gente e entre a família. Nós demos um sinal e espero que a agência tenha sabedoria de entender o momento político e o gesto do Irã e a posição do Brasil”.
 
Em seguida, o presidente sinalizou que a reação das grandes potências à proposta ocorreu porque não esperavam que o Brasil e a Turquia fechassem um acordo. “Nós fizemos o que eles estão tentando há muitos anos fazer e não conseguiram. As pessoas precisam aprender que a política do século 21 precisa ter mais transparência e diálogo”.

O presidente evitou comentar sobre as eventuais sanções, aprovadas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas com o apoio dos Estados Unidos, da França, Inglaterra, China e Rússia. Segundo ele, a expectativa é que os membros permanentes do conselho e a Agência Internacional de Energia Atômica analisem a proposta e evitem as punições.   “Vamos aguardar o que a agência e os países têm a dizer”.
 

Edição: Rivadavia Severo