Programa técnico-profissional vai formar 150 alunos no campo este ano

20/05/2010 - 11h19

Lúcia Nórcio
Enviada especial

Francisco Beltrão (PR)– O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) vai formar este ano no Paraná 147 alunos por meio do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), que aumenta o nível de escolaridade dos trabalhadores rurais. “Defendemos o modelo agroecológico como o mais adequado aos assentados e agricultores familiares”, disse à Agência Brasil o superintendente regional do Incra, Nilton Bezerra Guedes.

Ele disse que o governo tem investido na educação, ao possibilitar a formação técnico-profissional de nível médio e superior em diversas áreas do conhecimento. Ano passado, cerca de 400 alunos tiveram acesso ao programa no Paraná, por meio de parcerias do Incra com o Instituto Federal do Paraná (IFPR) e a Universidade do Oeste do Paraná (Unioste).

Maicon Costa, 23 anos, é um dos participantes do Pronera. Filho de beneficiários da Reforma Agrária, ele estuda pedagogia na Universidade Estadual do Oeste do Paraná e já contribui na educação infantil do acampamento Planaltina do Paraná, no noroeste do estado. “Para nós do campo é muito bom receber aulas, além da grade normal criada para o curso. Temos disciplinas específicas, voltadas à realidade do homem do campo”, explicou. Ele disse que as aulas são alternadas. São 60 dias na universidade em tempo integral e mais 2 meses nas comunidades para colocar em prática o aprendizado.

O Pronera também visa à construção de uma matriz produtiva nos assentamentos, baseada na produção sustentável, e esse é um dos temas da 9ª Jornada de Agroecologia, que está sendo promovida na cidade de Francisco Beltrão, no sudoeste do Paraná, até sábado (22). Participam do evento cerca de 3 mil pessoas da Região Sul, do estados de Mato Grosso, além de representantes de pequenos agricultores de países da América Latina.

Para o superintendente do Incra, as jornadas de agroecologia são fundamentais para o avanço do processo de reforma agrária e para o desenvolvimento de uma agricultura familiar mais saudável, com a preservação do meio ambiente.

Roberto Baggio, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e um dos coordenadores da 9ª Jornada de Agroecologia, disse já se pode falar em consolidação da agroecologia. O processo se incorporou nas comunidades, acampamentos, assentamentos, sindicatos, pastorais e a população rural está organizada. “Estamos preparados para enfrentar as grandes empresas internacionais e a colocação indiscriminada de produtos químicos nas lavouras brasileiras.”

Na avaliação de Baggio, foram as jornadas, com a participação efetiva dos movimentos sociais, que tornaram possíveis conquistas como a criação de uma Rede de Escolas Agrícolas e a facilidade que existe atualmente na comercialização direta dos produtos do campo com entidades urbanas.

Segundo o coordenador do MST, em todo o país são 100 mil famílias aguardando pelo processo de Reforma Agrária, 6 mil delas nos cerca de 60 acampamentos espalhados pelo Paraná.

Edição: Talita Cavalcante