Curitiba pode perder condição de sede da Copa por atraso em obras

20/05/2010 - 17h21

Jorge Wamburg
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Uma das 12 cidades-sedes da Copa do Mundo de 2014, Curitiba corre o risco de perder essa condição por não realizar as obras exigidas pela Federação Internacional de Futebol (Fifa) na Arena da Baixada, o estádio do Atlético Paranaense onde deverão ser realizados os jogos.

O motivo é a recusa do clube a recorrer ao empréstimo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para financiar as obras e a falta de uma parceria privada para levantar os recursos, já que não há outra fonte de financiamento governamental, seja da União, do estado ou do município.

O temor de que Curitiba leve cartão vermelho da Fifa foi manifestado hoje (20), pelo secretário do governo do Paraná e coordenador da Região Metropolitana de Curitiba, Alcidínio Bittencourt Pereira, durante audiência pública da Subcomissão de Fiscalização e Controle da Câmara dos Deputados para a Copa de 2014.
 

Em Recife, porém, está tudo em dia nas obras de construção da nova arena esportiva da cidade, garantiu o representante do governo pernambucano, Luís Ricardo Leitão. O complexo desportivo será erguido mediante parceria com uma empresa privada.

Quanto às obras de mobilidade urbana em Curitiba, orçadas em R$ 429 milhões, Alcidínio diz que não há problema, pois o governo do estado e a prefeitura garantem a realização dos projetos, cada qual arcando com a metade do valor. Sobre a adaptação da Arena da Baixada para a Copa, ele revela que faltam R$ 60 milhões, já que o Atlético Paranaense aceita assumir os R$ 30 milhões restantes do total de R$ 90 milhões a serem gastos na reforma.

“Nessa situação, há realmente risco de o estádio não ficar pronto para a Copa, porque o clube não quer se endividar mais com a reforma do local, onde já gastou R$ 400 milhões em recursos próprios”, explicou Alcidínio. A busca de soluções vai continuar, mas o secretário considera a situação difícil, pois até agora nenhum grupo privado se interessou em bancar o projeto.

Em Recife, uma parceria do governo estadual  com um consórcio liderado pela construtora Norberto Odebrecht permitirá a construção de um novo complexo desportivo, que poderá ser usado para outros eventos, numa área da cidade antes desvalorizada e esquecida pelo poder público.

Secretário da Casa Civil e coordenador do Comitê Pernambuco Copa 2014, Luís Ricardo Leitão afirmou que “a última definição" de que se precisava foi dada na passagem da missão técnica da Fifa, anteontem (18), em Recife. Ficou, então, estabelecido que a arena terá de ser concluída em 30 meses, começando em julho próximo e terminando em dezembro de 2012. "É um prazo bastante confortável, e não haverá nenhuma dificuldade para que seja alcançado.”

Ele informou que o consórcio vencedor da licitação terá direito de gerenciar a arena durante 30 anos, sendo responsável exclusivo pela definição das atividades do local, tanto desportivas quanto culturais, sociais ou religiosas, que darão sustentação e econômica ao projeto.  O governo estadual entrou com cessão do terreno e um projeto para construção de 9 mil residências, a Cidade da Copa, ao lado do estádio. O consórcio construirá as casas e ficará com a propriedade dos imóveis, o que, segundo Leitão, “reduz a contrapartida pecuniária que o governo é obrigado a dar em operações de parceria público-privada” .

As 12 cidades-sedes da Copa de 2014 são: Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Porto Alegre, Natal, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.

 

 

Edição: Nádia Franco