Yara Aquino e Renata Giraldi
Repórteres da Agência Brasil
Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou hoje (10) que o Brasil ainda não aprendeu que deixou de ser um país receptor e entrou no “rol dos países doadores” e que assim pode ajudar nações mais pobres.
“O Brasil ainda não aprendeu que entrou no roal dos países doadores, não é mais receptor. O Brasil tem que entrar no rol dos doadores e contribuir. Se tivemos coragem de aprovar US$ 14 bilhões para emprestar para o FMI [Fundo Monetário Internacional], porque não podemos ter por meio do BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] uma política de financiamento aos países africanos”, disse ao discursar para brasileiros e africanos na abertura do Diálogo Brasil-África sobre Segurança Alimentar, Combate à Fome e Desenvolvimento Rural.
Lula defendeu que os países desenvolvidos ajudem as nações mais pobres, afirmando que quanto mais latino-americanos e africanos consumirem, maior será o mercado para a venda de produtos desenvolvidos. O presidente também criticou a paralisação das negociações da Rodada Doha, da Organização Mundial do Comércio (OMC), e criticou a forma como é aplicado o livre comércio, favorecendo apenas os ricos.
“Parece que a teoria do livre mercado era extraordinária. Quando a gente é comprador o livre mercado não é tão livre assim. É uma barbaridade da visão capitalista. O mundo desenvolvido tem de contribuir com a África, os chineses e americanos têm de contribuir porque passarão a ser consumidores”, disse.
O objetivo do Diálogo Brasil-África sobre Segurança Alimentar, Combate à Fome e Desenvolvimento Rural, que ocorre entre os dias 10 e 12, é intensificar a cooperação entre o Brasil e os países africanos.
De acordo com o Itamaraty, a cooperação técnica com a África tem aumentado nos últimos anos. Apenas os países africanos recebem atualmente cerca de 60% dos recursos da Agência Brasileira de Cooperação (ABC).
Edição: Talita Cavalcante