Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Para diagnosticar as dificuldades e ajudar na busca de soluções que estimulem o desenvolvimento do setor, a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) e o Instituto de Panificação e Confeitaria do Estado do Rio (IPC-RJ) estão promovendo no interior fluminense, durante todo este ano, o Seminário Panificação em Ação. O primeiro encontro foi em Volta Redonda, em abril, e o próximo está marcado para o dia 27 deste mês, em Campos dos Goytacazes.
Segundo o presidente do IPC-RJ, Assis de Oliveira Bastos, o estado reúne 4.795 estabelecimentos do setor que empregam mais de 36 mil trabalhadores, o que corresponde a 68% dos empregos da cadeia de alimentos e bebidas do estado, de acordo com dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) de 2008. Bastos destacou que o Rio é o segundo estado em concentração de empresas e em mão de obra direta e indireta. Só perde para São Paulo.
A perspectiva para 2010 é de aumento do emprego formal no setor. Com essa meta, os trabalhadores estão recebendo cursos gratuitos de panificação e confeitaria, visando melhorar a qualificação de mão de obra.
“E estamos preparando também para o futuro próximo, porque nós temos a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016”, informou Bastos à Agência Brasil.
A falta de qualificação de mão de obra é o principal gargalo enfrentado hoje pelo setor de panificação nacional, afirmou à Agência Brasil o 1º vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria (Abip), José Batista de Oliveira. Para ele, outra dificuldade é a carga tributária que incide sobre o produto.
“O pão é um produto tributado que disputa mercado com outros produtos que têm uma tributação menor”. Segundo Oliveira, o setor reivindica a desoneração do pão, “até agora sem sucesso”. Ele disse que o terceiro entrave ao desenvolvimento das empresas do setor é o custo elevado da energia elétrica.
O setor é um dos maiores empregadores do Brasil. As 64 mil empresas espalhadas por todo o território nacional geram mais de um milhão de postos de trabalho formais, disse Oliveira. Ele estimou que o déficit do setor é de 40 mil pessoas, por falta de qualificação. Para ele, se a mão de obra existente atualmente fosse qualificada, “de cara [as empresas] contratariam”
“Em toda padaria que você chega está faltando hoje, pelo menos, uma pessoa qualificada, seja na área de produção, de atendimento ou na área administrativa”.
Com todas as dificuldades, o setor de panificação prevê aumento de cerca de 10% este ano no faturamento, que atingiu R$ 50 bilhões em 2009. Oliveira confirmou que a tendência atual no país é de aumentar a produção artesanal.
“O Brasil se espelha muito na produção francesa. Na França está voltando a valorização do produto artesanal, e aqui também”.
Oliveira considerou a concorrência com os supermercados uma dificuldade a ser vencida pelo setor de panificação. Nas padarias tradicionais, os produtos fabricados representam em média 50% do faturamento. Nos supermercados, a área de padarias funciona mais como um atrativo.
“Muitas vezes, os supermercados fazem concorrência desleal no preço. Eles têm investido muito e acabam tirando o público das padarias. Essa situação é preocupante”.
Edição: Tereza Barbosa