Relatório internacional sobre crime de lavagem de dinheiro fica mais exigente

07/05/2010 - 17h57

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – O presidente do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), Antonio Gustavo Rodrigues, disse hoje (7), no Rio de Janeiro, que a avaliação do Brasil no relatório do Grupo de Ação Financeira contra a Lavagem de Dinheiro e o Financiamento ao Terrorismo (Gafi/Fatf) deverá piorar em relação a 2004, porque a exigência do grupo aumentou.

O relatório 2010 do Gafi/Fatf deverá ser divulgado no final do próximo mês. O grupo foi criado em 1989 pelo G7, países mais ricos do mundo, com o objetivo de combater os crimes econômico-financeiros no mundo. De 1990 até 2005, a entidade elaborou 49 recomendações relativas à lavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo.

O presidente do Coaf esclareceu que a sua estimativa de piora na avaliação da atuação brasileira no combate a lavagem de dinheiro não se baseia nos resultados obtidos pelo Brasil no combate aos crimes financeiros, mas porque houve uma mudança substancial na metodologia de avaliação, que tornou-se mais exigente e detalhada.

Rodrigues disse que a avaliação vai apontar onde devem ser feitos aperfeiçoamentos no sistema de controle de cada país. “Esse relatório, no fundo, acaba te dando o caminho das pedras. Quais são os seus pontos fracos, onde você precisa investir, o que está faltando para tornar o sistema melhor”. Ele destacou que não existe nenhum país que cumpra integralmente todas as recomendações do Gafi/Fatf, “porque a meta é muito alta”.

“Você, no fundo, está sempre correndo atrás, no objetivo de fazer bem feito”. O processo envolve uma mudança de cultura, de mentalidade, segundo Rodrigues. Ele disse que a grande maioria dos bancos já entendeu isso no país.

”É como o cinto de segurança”, comparou. Ele lembrou que, no passado, havia resistência ao uso desse equipamento nos veículos, porque as pessoas não tinham consciência do risco que corriam. O mesmo sucedia em relação aos crimes de lavagem de dinheiro, que eram efetuados sem que houvesse perspectiva de punição. “Agora, você tem [noção do risco]. Se você quiser continuar fazendo, pode se machucar”, afirmou.

No relatório de 2004, o Gafi identificou progressos no sistema brasileiro de lavagem de dinheiro, a partir da construção de um marco jurídico e institucional no país, com poderes para confiscar ativos financeiros.
 

 

Edição: Rivadavia Severo