Professores de educação física protestam contra criação do monitor de esporte

06/05/2010 - 18h51

Da Agência Brasil

Rio de Janeiro – O Movimento pela Valorização do Professor de Educação Física (Movapef) lotou, hoje (6), o auditório da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio de Janeiro, para protestar contra o Artigo 90 Alínea E do projeto de lei que altera a Lei Pelé. O artigo cria o cargo de monitor de esportes, que poderá ser exercido por qualquer atleta que seja federado por três anos consecutivos ou cinco anos intercalados, sem a necessidade de ser formado em educação física.  Em Brasília, profissionais de educação física fizeram um protesto em frente ao Congresso Nacional.

Estiveram presentes no auditório da ABI, o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), autor da proposta de emenda de retirada do artigo, o deputado estadual Chiquinho da Mangueira (PMDB), o deputado federal Otávio Leite (PSDB-RJ) e a deputada federal Solange Amaral (DEM-RJ), além dos esportistas Georgette Vidor e Robson Gracie e de representantes da categoria. A grande maioria dos manifestantes era de estudantes de educação física.

Para o senador Marcelo Crivella, “há uma pressão do governo para aprovar a lei como está, para gerar mais empregos”. Os representantes do sindicato consideram o Artigo 90-E inconstitucional e eleitoreiro e acreditam que ele pode ser aprovado por causa da influência de ex-atletas ilustres.

Para o presidente do Conselho Regional de Educação Física do Rio de Janeiro (Cref-1), Écio Madeira Nogueira, a criação dos monitores de esportes vai de encontro com a qualidade dos exercícios físicos oferecidos à sociedade, apresentando risco à saúde e à vida dos cidadãos.

O deputado Otávio Leite lembrou que os já baixos salários da categoria seriam ainda mais ameaçados pelo aumento da mão de obra desqualificada. “É direito da população ter profissionais adequados e qualificados. Essa emenda diz respeito à dignidade da categoria e é necessária para o bem da sociedade”, afirmou.

Uma das faixas levadas pelos manifestantes resume a visão do movimento sobre o monitor de esportes: “Profissionais de educação física, mais do que repetidores de movimento”.

A deputada Solange Amaral também defendeu a profissão. “Essa lei surge justo agora que a educação física está se afirmando, se tornando objeto de pesquisas em todo o mundo e que criou um mercado de trabalho forte. É preciso se desenvolver e estudar muito as ciências biomédicas, a pedagogia da atividade, a formação do atleta. Não existe monitor. Existe o profissional e o estudante de educação física. O resto é golpe, é bola fora, é gol contra”, disse.

A votação, no Senado, do projeto de lei que altera a Lei Pelé, está prevista para a próxima quarta-feira (12). O Movapef promete organizar uma viagem à Brasília para pressionar os parlamentares pela retirada do artigo.

 

 

Edição: Lana Cristina