Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai participar da 6ª Cúpula da União Europeia, América Latina e Caribe, em Madri, entre os dias 17 a 19 de maio. A reunião chegou ser ameaçada de esvaziamento, mas o presidente brasileiro e de outros países latino-americanos irão participar do encontro.
Especialistas na área internacional disseram que a mudança foi causada pela decisão do presidente de Honduras, Porfirio “Pepe” Lobo, de participar apenas do último dia de reuniões, afastando a possibilidade de cruzar com demais líderes.
Anteontem (4), durante a reunião da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), Lula e mais nove presidentes sinalizaram que poderiam boicotar o encontro em Madri, caso Pepe Lobo insistisse em participar das discussões. Desde o ano passado, Honduras está suspensa da Organização dos Estados Americanos (OEA) por causa do golpe de Estado no país que depôs o presidente Manuel Zelaya.
Para Lula e outros presidentes latino-americanos, a vitória de Pepe Lobo nas eleições de novembro de 2009 não é legítima, porque ocorreu no ambiente do golpe de Estado. Lula defende a concessão de anistia também para Zelaya e seus correligionários, como ocorreu com os integrantes do Congresso Nacional, da Suprema Corte e das Forças Armadas que promeveram o golde de Estado.
A Unasul é integrada pelo Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Guiana, Equador, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela. De acordo com especialistas em temas internacionais, Pepe Lobo comparecerá apenas ao último dia de discussões da reunião – dia 19 – que é destinado aos temas de Caribe.
Nesta 6ª cúpula o assunto que deverá predominar é a retomada das negociações entre os blocos da União Europeia e do Mercosul. Os países do bloco sul-americano apresentaram propostas de abertura no setor industrial e aguardam que os europeus indiquem compensações na área agrícola.
Em nota divulgada pelo Itamaraty, o governo informou que mantém expectativas para a possibilidade de “alcançar um acordo de livre comércio compreensivo e equilibrado”. Segundo a nota, as exportações do Mercosul à União Europeia atingiram, em média, US$ 55 bilhões, no período de 2006 a 2008 – ou seja 20% das exportações totais ao mundo. Também informou que os países da União Europeia são os principais investidores diretos em nossa região.
“Um acordo de associação não apenas permitirá fortalecer estas correntes comerciais, mas também abrirá novas oportunidades para os setores produtivos do Mercosul no importante mercado comunitário. Ao mesmo tempo, a negociação com a União Europeia servirá para vitalizar o processo de aperfeiçoamento da União aduaneira do Mercosul”, diz a nota.
Edição: Rivadavia Severo