Ministras do Ibas discutem impactos da crise econômica na vida da mulher

14/04/2010 - 18h22

Lisiane Wandscheer
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Ministras de Estado participantes do 3º Fórum de Mulheres Ibas (Índia, Brasil e África do Sul) discutiram hoje (14) a condição feminina em seus países. A violência e os efeitos da crise econômica na vida das mulheres centralizaram os debates.

A ministra da Mulher, da Criança e das Pessoas com Deficiência da África do Sul, Mayende-Sibiya, ressaltou a importância do evento, que analisa temas de interesses dos três países e disse que os resultados dos debates já são perceptíveis.

 “O fórum mostra a relação de parceria entre os governos e a sociedade civil Criamos um ministério para as mulheres em nosso país, fruto das discussões estabelecidas em fóruns anteriores”, disse ela.

Sobre os impactos da crise econômica na vida das mulheres, a ministra sul-africana disse que também houve reflexos positivos. “A recessão econômica e a crise financeira nos ajudaram na conscientização da importância do fórum. Entretanto recomendamos que sejam finalizados os indicadores de gênero. A maior parte dos indicadores do Ibas é relativa aos homens”, ressaltou.

A ministra de Desenvolvimento da Mulher e da Criança , da Índia, Krishina Tirath, destacou que a discussão dos impactos da crise econômica deve continuar amanhã (15), último dia do fórum. “Grande parte das mulheres na Índia está no sistema informal e não tem garantia de estabilidade no emprego. Por isso, elas sofreram diretamente a crise.”

Krishina disse que a crise econômica também é motivadora da violência contra as mulheres. “A violência é intensificada em época de crise econômica. Os homens não se sentem provedores de suas famílias e agridem as mulheres. O Fórum é mais um passo para ajudar a transformar a vida dessas mulheres e contribuir para o crescimento de nossos países”, afirmou.

A ministra de Políticas para as Mulheres, Nilcéa Freire, disse que ainda há muitos desafios para promover a igualdade de gênero no país. “Precisamos assegurar que os avanços das últimas três décadas sejam estendidos a todas as mulheres, independentemente de classe econômica ou raça." De acordo com a ministra, no Brasil há um grande desequilíbrio regional e também racial.

Ela destacou ainda as diferenças salariais no mercado de trabalho. “No Brasil, a mulher recebe em média 70% da remuneração dos homens e, dependendo da etnia, o valor pode ser até 30% inferior.”

Por fim, Nilcéa apontou a necessidade de se redefinirem os papéis atribuídos ao homem e à mulher. “A mulher reproduz, cuida das crianças, dos idosos, mas esse trabalho é invisível, não é considerado riqueza econômica e não é compartilhado pelos homens”, lamentou.

As delegações participantes do fórum formularão um documento com recomendações sobre as consequências da crise financeira mundial para as mulheres na Índia, no Brasil e na África do Sul e o encaminharão aos governantes dos três países.

Amanhã, no Itamaraty, será  lançado o livro Fórum de Mulheres do Ibas – Pensando uma Estrutura Macroeconômica Inclusiva – Uma Abordagem Feminista Sul/Sul.

Edição: Nádia Franco