Ampliação do comércio entre países do Bric precisa de articulação governamental

14/04/2010 - 19h28

Luiz Antônio Alves
Repórter da Agência Brasil

 

Brasília - As discussões em torno do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) - e o comércio internacional concentrou boa parte das atenções de vários debatedores, na tarde de hoje (14), durante a reunião promovida pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), em Brasília. O encontro é para discutir o papel do Bric nas mudanças globais pós crise econômica.

Coordenadas pelo representante da Pontifície Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Paulo Ferracioli, as discussões se concentraram na análise não apenas do comércio entre os quatro países do Bric mas, também, nas relações comerciais do próprio Bric com o restante do mundo.

Uma das conclusões dos debatedores é que o comércio entre os países do Bric vem aumentando nos últimos anos. "Não é um aumento muito grande", disse Ferracioli à Agência Brasil, "e ainda há muito a ser feito. Este comércio somente vai se desenvolver, efetivamente, se houver algum tipo de articulação governamental".

Outra questão em que os debatedores mostraram opiniões idênticas é o fato de que as exportações da China para os demais países do Bric é muito diferente das exportações do Brasil, da Rússia e Índia para a China.

"Particularmante no caso brasileiro", disse Ferracioli, "existe uma grande concentração de commodities (produtos em estado bruto ou com pequeno grau de industrialização como, por exemplo, agropecuários e minerais), que representam mais de 60% de todas as exportações brasileiras para a China".

A China, disse Ferracioli, exporta para o Brasil uma gama bastante variada de produtos eletrônicos sofisticados, com maior valor agregado. Em relação à Índia, a China exporta, em grande quantidade, produtos mecânicos e eletrônicos, que chegam a cerca de 50% do comércio bilateral.

Segundo o representante da PUC-Rio no encontro do Ipea, "houve discussões importantes sobre que iniciativas tomar para incentivar e balancear o comércio entre os países do Bric. Uma delas, é aumentar as exportações de produtos industriais da Índia, da Rússia e, principalmente, do Brasil".

De acordo com Paulo Ferracioli, um tema importante discutido hoje foi a subvalorização da moeda chinesa, que é fundamental para a grande competitividade do país e para seus superávits comerciais, mas provoca a perda de competitividade dos demais países do Bric, particularmente dos produtos brasileiros.

 

 

 

Edição: Aécio Amado