*Renata Giraldi
Enviada Especial
Teerã (Irã) – A sociedade do Irã mostra diferenças culturais, mesmo com o fato de 89% dos 72 milhões de iranianos serem muçulmanos. Nas ruas de Teerã, capital e maior cidade do país, é possível esbarrar tanto com mulheres vestidas como as religiosas ortodoxas – com longas mantas pretas que cobrem dos pés à cabeça e deixam de fora apenas o rosto – quanto com jovens vestidas à moda ocidental, com lenços coloridos, mas que permitem que mechas de cabelo sejam percebidas, e rapazes com roupas modernas.
De acordo com as jovens, uma maneira de demonstrar personalidade e reação ao rigor é usar os véus de forma mais suave, permitindo que franjas e mechas de cabelo fiquem de fora da cobertura. Mas braços, pernas e tronco devem ser cobertos com vestimentas largas, de preferência. As cores preta e cinza predominam, mas há casacos e lenços vermelhos e estampados. Outra reação percebida é a maquiagem: olhos e bocas muito bem pintados.
Os rapazes, em geral, optam por camisetas e calças justas. Os cabelos são cortados à maneira dos roqueiros dos anos 70 e 80 – de forma que deixam os fios espetados e cuidadosamente arrumados com gel. Como no mundo muçulmano, os homens se cumprimentam com dois ou três beijos na face. Não há surpresa nisso.
Na capital repleta de jardins e obras de arte ao ar livre, os passeios são comuns. Não são habituais as demonstrações de afeto, mas em grupos de amigos as conversas são aparentemente animadas e acabam sempre com um sorriso.
Educados e gentis, os iranianos gostam de conversar com estrangeiros. Os que falam inglês se esforçam para conversar com os estrangeiros. O embaixador do Brasil no Irã, Antonio Luis Salgado, lembra que as relações entre os dois países são intensas desde 1903 e que até nos momentos de tensão política dos dois lados foram mantidas.
A comunidade brasileira no Irã, porém, é mínima, registrando apenas um grupo de 130 pessoas. A de iranianos no Brasil não chega a 3 mil pessoas. Para o diplomata, há uma curiosidade mútua que merece ser explorada e que pode resultar na intensificação do comércio bilateral. “O iraniano vem de uma civilização milenar e tem muita criatividade”, disse.
*A repórter e o fotógrafo viajaram a convite do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Edição: Graça Adjuto