Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Niterói- A chuva deu uma trégua hoje (7) em Niterói, região metropolitana do Rio, mas continua intenso o trabalho de moradores e funcionários da prefeitura. Eles tentam encontrar pessoas desaparecidas nos deslizamentos, desobstruir ruas interditadas por pedras ou terra e retirar a lama de casas e calçadas. Pelo menos R$ 14 milhões serão necessários para reparar os estragos e remover famílias de áreas de risco, segundo a prefeitura do município.
Niterói é o município mais afetado com as últimas chuvas no estado. Até agora, o saldo é de pelo menos 60 mortos (a maioria soterrados), 1,1 mil desabrigados, bairros sem energia elétrica , ruas com alagamentos ou com trechos interditados.
O prefeito Jorge Roberto da Silveira disse que o temporal dos últimos dias pegou a cidade despreparada. Por isso, equipes da Defesa Civil do município do Rio reforçam as buscas e o trabalho de conservação. “Foram mais de trinta pontos atingidos e é evidente que o Poder Público não estava preparado por uma razão muito simples: isso nunca aconteceu”, afirmou, após reunião com o governador Sérgio Cabral e o ministro da Integração Nacional, João Santana.
No bairro Fonseca, próximo ao centro, os moradores não abandonaram suas casas e correm risco. William Marra, 40 anos, tenta limpar a casa com a ajuda da mulher, depois que muito barro rolou de um morro sobre sua residência. O advogado culpa os donos do terreno vazio ao lado de casa e a prefeitura, que ainda não retirou o barro que ameaça derrubar seu muro.
“Às três horas da manhã (de terça), o morro cedeu e invadiu a casa. Tivemos que sair de casa com as crianças debaixo de chuva, na escuridão, porque para piorar ainda faltou luz. Se não fosse os vizinhos me socorrerem, estava perdido”, lembrou.
Em Santa Rosa, bairro próximo, as chuvas fizeram vítimas em muitos morros. Uma moradora, que preferiu não se identificar, contou que na madrugada de terça-feira (6) ouviu a terra rolar sobre muitas casas. “Estava na sala vendo televisão quando os vizinhos começaram a gritar que os barracos estavam caindo. Daí, veio o barulho e a terra levou tudo.”
Os comerciantes não retomaram a rotina. Lojas de regiões afetadas estão com lama, terra e água que ainda escorre para a porta. “Estamos aqui, mas com o movimento prejudicado. Toda vez que chove, acontece isso”, contou o comerciante Jorge Ribeiro, dono de uma loja de produtos elétricos, em Santa Rosa.
O prefeito Roberto da Silveira contabiliza 320 famílias em área de risco e reforça o pedido para que deixem suas casas e se instalem provisoriamente nas escolas municipais. A intenção da prefeitura é construir novas moradias ou indenizar as famílias com os R$ 14 milhões que serão pedidos ao governo estadual e ao governo federal. O município pretende decretar estado de calamidade.
Edição: João Carlos Rodrigues