Daniel Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O governo já chegou ao limite em termos de reajuste das aposentadorias, e a questão eleitoral não pode contaminar a responsabilidade fiscal do país. A avaliação é do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.
Ele se disse “cabreiro” (desconfiado) com propostas de acordo no Congresso que “depois não são cumpridas”. Agora a preocupação do ministro é com a pressão na Câmara, de parlamentares e das centrais sindicais, para aumentar o valor das aposentadorias acima do previsto pelo governo.
Durante a manhã de hoje (6), Padilha esteve no Ministério da Fazenda para discutir o assunto com o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), e os ministros Guido Mantega, Carlos Eduardo Gabas, da Previdência Social, e Paulo Bernardo, do Planejamento, Orçamento e Gestão, além do secretário executivo da Casa Civil, Carlos Wilson.
Segundo Padilha, o grupo não fechou nenhuma posição durante o encontro, mas o governo já chegou ao limite, ao conceder ganho real para aposentados e pensionistas. De acordo com o ministro, tem sido garantido um aumento real para os aposentados, e dois terços terão aumento igual ao do salário mínimo.
Para os que ganham mais do que o salário mínimo, ele informou que o governo garante aumento real de acordo com a inflação e mais 50% do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos anteriores ao do aumento.
“Esse é o limite que o governo já tinha discutido com as centrais sindicais e com os aposentados”, disse Padilha.
A discussão na Câmara envolve o reajuste das aposentadorias e o crescimento da economia no ano passado, já que valor do mínimo é calculado pela inflação do ano anterior e pelo crescimento do PIB de dois anos anteriores. Mas, no ano passado, devido à crise, o resultado do PIB brasileiro ficou em -0,2%.
Um novo encontro com o líder do governo, Cândido Vaccarezza, deve ser realizado depois que ele ouvir as propostas dos líderes da base do governo na Câmara, diante das emendas.
“Neste momento, nós e o ministro Mantega queremos ouvir o que estão querendo propor. Estamos muito cabreiros com a proposta de acordo que depois não é cumprida. [Um exemplo] é o caso do pré-sal, em que foi feito um acordo [sobre a votação da distribuição dos royalties] e depois não cumpriram na hora da votação na Câmara”.
Para ele, tanto a base quanto a oposição devem estar cientes dos custos que poderão ser gerados com o reajuste para os aposentados.
“Nós cedemos ao construir um acordo que garante aos aposentados brasileiros o maior aumento para quem ganha até um salário mínimo e aumento real para quem ganha mais de um salário mínimo. Esse é o limite ao qual o governo pode chegar. E ainda não ouvimos uma proposta concreta dos líderes”.
Edição: Tereza Barbosa