Renata Giraldi
Agência Brasil
Brasília – O ensino da língua portuguesa será estimulado em todos os países e o idioma deverá ser usado nos principais documentos expedidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) e outros organismos internacionais, além de material científico e técnico. A ideia é difundir a língua, que é falada por cerca de 250 milhões de pessoas em todo mundo, ocupando o sexto lugar no cenário internacional.
A decisão foi tomada pelo Brasil e mais sete integrantes da Comunidade de Países da Língua Portuguesa (CPLP), durante reunião em Brasília. Por seis dias, autoridades dos oito países discutiram as alternativas para a valorização e a projeção internacional da língua portuguesa. O ciclo de encontros foi denominado Conferência Internacional sobre o Futuro da Língua Portuguesa no Sistema Mundial.
“A língua portuguesa não dorme, porque em qualquer parte do mundo tem alguém falando o idioma”, afirmou o ministro interino das Relações Exteriores, Antônio Patriota, no encerramento do evento. “Vamos trabalhar na formação de professores e também na edição e distribuição de material didático, além da do estímulo para intérpretes.”
Os integrantes da CPLP definiram que será criada uma espécie de glossário para ajudar na compreensão dos textos científicos e técnicos, por exemplo. A ideia é ampliar as pesquisas realizadas nos países de língua portuguesa já seguindo as orientações do novo acordo ortográfico.
O ministro disse que deverá ser elaborado também um Atlas indicando onde está a presença da língua portuguesa. O ministro de Negócios de Portugal, Luís Amado, afirmou que aumenta o número de pessoas interessadas em aprender português em regiões da Ásia, África e também na Europa.
“É a sexta língua mais falada em nível mundial O plano é trabalhar na perspectiva de divulgação e no esforço para que a língua seja introduzida nas organizações mundiais. Vamos promover o português como língua universal”, afirmou Amado, descartando a possibilidade de ela ser a sétima língua adotada pela ONU como idioma oficial.
De acordo com o ministro interino do Brasil, o objetivo não é transformar o português em mais um idioma adotado pela ONU, mas atuar para sua difusão e emprego em situações específicas. “Nos pautamos pelo realismo e pragmatismo. São passos seguros e graduais”, afirmou.
Segundo Patriota, uma das preocupações de todos os integrantes da CPLP é em relação aos que deixam os países de língua portuguesa e partem para regiões com outro idioma. De acordo com ele, essas pessoas receberão “uma atenção especial”. Para o embaixador, essas pessoas integram o grupo da chamada diáspora.
A conferência internacional reuniu autoridades públicas, mas também representantes da sociedade civil, como escritores, acadêmicos, editores, jornalistas e outros profissionais vinculados à difusão da língua. Paralelamente às discussões ocorreu a semana cultural da língua portuguesa que contou com a participação da cantora Maria Bethânia. Ela declamou trechos de obras literárias de autores de língua portuguesa.
Edição: João Carlos Rodrigues