Senadores e produtores criticam ausência de Tolmasquim em audiência pública

30/03/2010 - 15h34

Pedro Peduzzi
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Senadores e produtores sul-mato-grossenses criticaram hoje (30) a ausência do presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, na audiência pública da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado destinada a discutir os critérios adotados na implantação de linhas de transmissão para pequenas centrais hidrelétricas (PCHs).

Diversas missões oficiais do estado, representantes de empresas e produtores rurais se deslocaram a Brasília para ouvir as justificativas da EPE para a instalação de torres em meio a áreas produtivas do município de Chapadão do Sul (MS).

“Só fomos avisados ontem à noite da ausência do presidente da EPE. Em razão dessa atitude, entrei em contato com o ministro de Minas e Energia [Edison Lobão] para informá-lo de que a ausência da EPE nessas discussões prejudica significativamente a audiência pública”, afirmou o presidente da comissão, senador Valter Pereira (PMDB-MS), que remarcou a audiência para a próxima terça-feira (6).

Pereira disse ter informado ao ministro que, caso Tolmasquim deixe de comparecer à próxima reunião, a comissão agirá de acordo com o regimento interno e convocará o próprio ministro para falar sobre o assunto, “que motivou a vinda de empresários, produtores e missões oficiais de Mato Grosso do Sul a Brasília”.

“Se tivessem feito a comunicação antecipadamente poderíamos ter alertado os outros participantes a não virem, evitando transtornos e gastos desnecessários, inclusive para o estado de Mato Grosso do Sul, que enviou secretários”, acrescentou o senador.

Um dos produtores que se deslocaram até Brasília para cobrar explicações do presidente da EPE foi o diretor da Cooperativa dos Produtores do Paraíso e Região (Copper), João Favoreto. “Não descartamos invadir as obras, mas isso só será cogitado se Tolmasquim não comparecer à reunião remarcada para a próxima terça-feira."

De acordo com Favoreto, ele não veio simplesmente porque não tem como explicar a construção dessas torres imensas nas áreas produtivas, em vez de desviá-las para os terrenos inóspitos e arenosos que ficam nas proximidades.

Segundo o produtor, as torres que serão construídas medem quase 50 metros de altura e ocupam cerca de 40 metros do solo. “É uma torre a cada 450 metros. Elas atrapalham o funcionamento de GPS, o calcariamento do solo, o plantio, os pivôs de irrigação e a rota dos aviões utilizados pelos produtores”, explicou.

Segundo ele, é por meio do GPS que muitas máquinas de piloto automático funcionam. “Até a aplicação de veneno será prejudicada, porque basta deixarmos de aplicá-lo em um metro para corrermos o risco de ser prejudicados por doenças como a ferrugem asiática, que se espalha com grande velocidade.”

Contatada pela Agência Brasil, a EPE disse que a assessoria parlamentar da comissão foi informada sexta-feira (27) da impossibilidade de Tolmasquim participar da audiência pública. Segundo a EPE, a notificação de ontem, sobre a impossibilidade de ele participar da reunião, foi enviada a pedido da própria assessoria parlamentar da comissão, apenas como procedimento formal.

A assessoria da EPE acrescentou que, na manhã de hoje, Tolmasquim participou de reuniões internas na empresa, mas que sua agende permitirá que ele compareça à reunião da próxima terça-feira.

Edição: Nádia Franco