Lourenço Canuto
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Câmara Legislativa do Distrito Federal (DF) discutiu hoje (29), em sessão extraordinária, a realização de eleições indiretas para governador e vice-governador do DF, cargos que estão vagos com a cassação do mandato do governador José Roberto Arruda e a renúncia do vice Paulo Octávio. A possibilidade de deputados distritais se candidatarem aos cargos divide os parlamentares.
O presidente da Câmara, Cabo Patrício, e Chico Leite, ambos do PT, entendem que os distritais não devem concorrer aos cargos, porque os candidatos precisam estar “acima de embates partidários". "A Câmara Distrital só vai poder trabalhar bem, se houver um saneamento no governo, em que o interesse da sociedade fique acima dos interesses pessoais", afirmou Leite. Para ele, o momento é de aprendizado e servirá para que não se repitam os erros cometidos.
O petista Paulo Tadeu disse que a Câmara precisa tomar decisões corretas e encaminhar soluções apropriadas para a crise, "pois não agiu antes que ela se instalasse". Ele ressaltou que o governador que for eleito exercerá o cargo por um período curto, mas bastante complexo, porque a crise parece não ter fim, sempre aparecendo um fato novo.
"O nome escolhido deve aglutinar os interesses do Distrito Federal e não visar a interesses partidários", reforçou Paulo Tadeu.
A deputada Erika Kokay, também do PT, defendeu a escolha de alguém que não use a máquina administrativa em função das eleições de outubro. "Este momento é decisivo para a Câmara Legislativa, assim como para o próprio governo do Distrito Federal", disse ela.
O deputado Raimundo Ribeiro (PSDB) também entende que o nome escolhido não pode ter preocupação eleitoral, para que não exerça influência no pleito de outubro, mas ressaltou que ninguém pode ser excluído. Ele reiterou que o pedido de intervenção federal feito pela Procuradoria-Geral da República foi precipitado.
Para Milton Barbosa, do PSDB, a não apresentação de deputados distritais como candidatos a governador e a vice poderá ser entendida como "capitulação".
Candidato a vice-governador junto com o governador em exercício, Wilson Lima, o deputado Aguinaldo de Jesus (PRB), disse que os distritais não podem ser excluídos da disputa. "Quem não servir para governar não serve para mais nada e, na Casa, existem pessoas honradas, que poderiam ser eleitas." Milton Barbosa também destacou que na Câmara "há pessoas honradas e capazes de contornar a crise".
Eliana Pedrosa (DEM) disse que o Brasil precisa ser passado a limpo, de Norte a Sul e de Leste a Oeste, e, para isso é preciso que haja igualdade. Ela destacou que, enquanto a Justiça Eleitoral tentou multar o presidente Lula em R$ 5 mil por propaganda eleitoral fora de época, um deputado distrital paga R$ 20 mil de multa se colocar agora um simples adesivo no carro, porque isso é considerado propaganda eleitoral antecipada.
"Fala-se muito no escândalo de corrupção no Distrito Federal, mas ninguém se lembra do mensalão do PT. Tudo ficou esquecido", afirmou a deputada.
Edição: Nádia Franco