Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – A sociedade precisa “ter as rédeas” do desenvolvimento, afirmou hoje (25) William Cobbett, diretor da organização não governamental Cities Alliance, que luta pelo fim das favelas. Em palestra do Fórum Urbano Mundial, que se realiza no Rio de Janeiro, ele defendeu a ampliação da cidadania e a definição de metas claras para a urbanização das comunidades carentes.
Cobbett elogiou a experiência brasileira com a criação do Ministério das Cidades e com o desenvolvimento de ações do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) nas favelas cariocas. Ele alertou que, no entanto, ainda há muito trabalho a ser feito. “O discurso não é suficiente. Falei para o prefeito do Rio [de Janeiro, Eduardo Paes] que não basta vontade política. É preciso ter metas e orçamento”, afirmou.
Ao comentar a boa relação entre as três esferas de governo, no Rio, para a execução de obras públicas, “um grande desafio para outras cidades”, o representante da Cities Alliance fez um apelo à África e à Ásia para que tomem medidas semelhantes. “Não esperem tanto, não podemos querer que as próximas gerações consertem os erros do passado”.
Ao falar sobre a participação das comunidades na melhoria da infraestrutura urbana, o indiano Jockin Arputham, presidente da Slum Dwellers Internation, rede que trabalha pela melhoria de vida das populações mais pobres, disse que a melhoria de vida nas favelas depende de acesso ao crédito, obras de urbanização e oferta de serviços. Segundo ele, os governos podem contribuir, mas a sociedade tem papel fundamental de exigir.
“Temos que ter prioridade para saber onde os recursos podem ser investidos. Gostaria de falar para o ministro [das Cidades, Márcio Fortes, que participou do debate] que todas as mudanças são possíveis se tivermos um nível de transparência e vontade política num processo que passa pelos governos e também pelas comunidades”, afirmou.
O líder comunitário indiano também destacou o papel das mulheres no desenvolvimento das favelas. Segundo Arputham, as mulheres “têm poder de organização e mobilização extraordinários” e, por isso, o desenvolvimento dessas zonas passa pelo empoderamento e “participação ativa” delas.