Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Ao mesmo tempo em que a inadimplência está em queda, o custo de captação de recursos pelos bancos se eleva devido à perspectiva de alta da taxa básica de juros, a Selic. Por isso, segundo o chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Altamir Lopes, é preciso esperar para saber o impacto desse cenário nos juros cobrados do consumidor. Atualmente a Selic está em 8,75% ao ano.
Em fevereiro, as taxas cobradas nos empréstimos a empresas e famílias caíram. A queda da inadimplência contribui para a redução dos juros cobrados do consumidor, enquanto o aumento do custo de captação faz com que os bancos cobrem mais caro pelos empréstimos.
“Estamos observando algum movimento de elevação do custo de captação. Um dos aspectos é a expectativa do mercado em relação à taxa de juros básicos. Isso acaba se refletindo no custo de captação dessas instituições financeiras e, sem dúvida, é repassado ao tomador final”, disse Lopes.
Até o dia 10 deste mês, a taxa geral de juros permaneceu em 34,3% ao ano. A taxa para pessoas físicas ficou estável em 41,6% ao ano, contra 41,9% ao ano de fevereiro. Para as empresas, a taxa está em 26,1% ao ano, ante 25,9% ao ano observados no mês passado.
O spread geral, diferença entre a taxa que o banco paga nos investimentos e cobra nos financiamentos, está em 24,1 pontos percentuais, de acordo com os dados preliminares deste mês. Em fevereiro, o spread geral ficou em 24,3 pontos percentuais. Para as pessoas físicas, está em 30,4 pontos percentuais, contra 30,8 pontos percentuais registrados em fevereiro. No caso das empresas, o spread foi estável em 16,9 pontos percentuais.
De acordo com Lopes, a inadimplência vem caindo devido às boas perspectivas no mercado de trabalho, com manutenção da renda.
“À medida que as famílias e as empresas têm renda melhorada, com atividade mais elevada, a providência inicial é regularizar a situação e isso possibilita que voltem a captar mais recursos”, afirmou.
Para Lopes, a tendência é de mais redução da inadimplência, principalmente, para as empresas. “A taxa de inadimplência para pessoa jurídica é razoavelmente baixa, mas foi aquela que teve impacto maior durante o período de crise. É exatamente para esse segmento que se espera uma retração ainda maior daqui para a frente”, disse.