Luiz Augusto Gollo e Renata Giraldi
Repórteres da Agência Brasil
Rio de Janeiro e Brasília - O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse hoje (23), no Rio de Janeiro, que o setor privado poderia “facilitar” a troca de urânio entre o Irã e um terceiro país, fazendo avançar um acordo proposto a Teerã no ano passado pela Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea). De acordo com ele, o obstáculo está na "falta de confiança" de alguns países em relação ao Irã.
“Isso você faz até numa transação privada. Acho que não é uma coisa impossível se houver vontade política", disse o ministro, depois de reunião com o diretor-geral da Aiea, Yukiya Amano.
Amorim reforçou a posição da Chancelaria brasileira de que há espaço para novas conversas com o Irã. “Lembremos do Iraque, acusado de possuir armas nucleares, e só depois de 200 mil mortos se constatou que não havia nada”, disse Amorim, acrescentando que “recentes declarações me fazem crer que a distância não é grande entre a proposta da agência e o que o Irã defende”.
Amorim sugeriu que o Irã entregue seu urânio para enriquecimento por parte de outro país, uma espécie de “depositário”. Seria, na sua opinião, uma forma de dar prosseguimento às discussões internacionais sobre o programa nuclear iraniano.
O que circula nos meios internacionais é que a agência patrocinaria a ideia de um acordo sobre fornecimento de urânio à base de um controle sobre esse comércio, evitando que países “irresponsáveis” tenham acesso ao material para produzir bombas nucleares.
Amano afirmou ainda que existe um convite "em aberto" para que visite o Irã. Segundo ele, a visita será realizada no momento apropriado. “Não posso ir até lá apenas para dizer oi. É preciso alguma coisa para ser discutida”, afirmou.