Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A piora na projeção do Banco Central (BC ) para o déficit em conta corrente para o ano, que passou de US$ 40 bilhões para US$ 49 bilhões, é resultado da perspectiva de aceleração da atividade econômica. Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, com o maior crescimento econômico, aumentam-se os gastos de brasileiros no exterior e o pagamentos de aluguéis de equipamentos, por exemplo.
Essa revisão, diz Lopes, contempla ainda previsão de saldo comercial (exportações menos importações) menor, que passou de US$ 15 bilhões para US$ 10 bilhões. Mas houve aumento na expectativa tanto de exportações (de US$ 170 bilhões para US$ 173 bilhões) quanto de importações (de US$ 155 bilhões para US$ 163 bilhões). Entretanto, “esse aumento na corrente de comércio [exportações mais importações] eleva os gastos com fretes”.
Lopes acrescentou ainda que a expectativa de maiores gastos líquidos (descontadas as receitas) com juros também contribuiu para esse expectativa de déficit em conta corrente maior. A projeção passou de US$ 7,2 bilhões para US$ 8,3 bilhões. “Os gastos líquidos com juros mais elevados deve-se ao comportamento das taxas de juros no mercado internacional. Ou seja, as receitas que nós esperávamos com a remuneração das reservas estão menores porque as taxas de juros no mercado internacional estão mais baixas”, explicou Lopes.
Ao longo do ano, Lopes estima que haverá uma “piora” na remessa de lucros e dividendos. A projeção para o ano é de US$ 32 bilhões. “Isso deve acontecer porque com um ambiente de atividade mais aquecida, é de se esperar que as empresas remetam mais lucros ao exterior”, afirmou.
Caso se confirme, o déficit projetado de US$ 49 bilhões para este ano será o maior em conta corrente registrado pelo BC desde o início da série histórica, iniciada em 1947. As transações correntes mostram o registro das compras e vendas de mercadorias e serviços com o exterior.