Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Um dia depois deanunciar o enriquecimento do urânio a 20% no país, o governo do Irãinformou que está aberto a inspeções da Agência Internacional deEnergia Atômica (Aiea), segundo informações da agência oficial denotícias iraniana – a Irna. O representante iraniano na Aiea, AliAsghar Soltaniyeh, disse hoje (8) ter detalhado a decisão sobre ourânio. Segundo ele, os especialistas estrangeiros conhecem o planodo governo iraniano.Apesar dessa disposição informada peloespecialista iraniano, a decisão de enriquecer o urânio a 20%colocou o Irã em oposição em relação à parte da comunidadeinternacional. Há desconfianças de que a forma mais elaborada dourânio tenha fins não pacíficos – ou seja, a produção debombas atômicas, por exemplo.O governo MahmoudAhmadinejad que o fim seja esse. Em discursos públicos, ele costumaacusar os inimigos do Irã de articulação contra o progressonuclear e tecnológico do país.Opresidente homenageou hoje o físico nuclear Massoud Ali Mohammadi,que morreu na semana passada vítima de um atentado a bomba em frenteà sua casa, em Teerã (capital do Irã).A decisão sobre oenriquecimento de urânio a 20% por parte do Irã ameaça dificultarainda mais o diálogo do governo Mahmoud Ahmadinejad. O risco écausado pela sinalização dos norte-americanos que defendem aumentaras restrições ao Irã com apoio dos ingleses, franceses, russos ealemães a partir do fornecimento de combustível.Porém, oBrasil, membro provisório (por dois anos) do Conselho de Segurançadas Nações Unidas e a China, que é integrante permanente do órgão,defendem o diálogo com Ahmadinejad. No entanto, essas tratativaspodem ser dificultadas porque a França, que neste mês ocupa apresidência rotativa do conselho, vê com restrições o ProgramaNuclear do Irã.Em entrevista à agência de notíciasiraniana (Irna), Soltaniyeh afirmou que os detalhes sobre oenriquecimento do urânio foram expostos em uma carta destinada àAiea. De acordo com ele, vários outros dados dados referentes aoPrograma Nuclear do Irã foram repassados há cerca de oito mesespara a agência.Soltaniyeh disse que o uso do urânioenriquecido tem fins não militares. De acordo com ele, o materialvai ser usado para “questões humanitárias” como o tratamento dedoentes. “O Irã tem fornecido uma oportunidade para os paísesindustrializados”, afirmou.