EUA e França ameaçam Irã com sanções por enriquecimento de urânio

08/02/2010 - 16h20

Renata Giraldi e Lísia Gusmão
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - Os governos dos Estados Unidos e da França lideram um movimento paraque a comunidade internacional pressione o Irã a recuar na decisão deampliar seu programa nuclear a partir do enriquecimento do urânio a20%. Para os norte-americanos e franceses, a saída, se o presidenteiraniano Mahmoud Ahmadinejad insistir na iniciativa, é impor mais sanções contra oIrã. Uma das alternativas é dificultar o acesso a combustíveis.Nesta segunda-feira(8), houve uma reunião com representantes das áreas de Defesa e RelaçõesExteriores com o presidente francês, Nicolas Sarkozy, cujo tema foia iniciativa iraniana sobre o enriquecimento de urânio.“Seránecessário que toda a comunidade internacional trabalhe junta, paratentar pressionar [o governo do Irã]. O ponto de pressão é trazer osiranianos de volta para as negociações e resolver esta questão de umaforma que evite que o Irã obtenha uma arma nuclear”, disse o secretáriode Defesa dos Estados Unidos, Robert Gate.O ministro da Defesada França, Herve Morin, acrescentou ainda que sem recuo do Irã seráimpossível escapar das sanções internacionais. “Toda a comunidadeinternacional, particularmente o presidente [Barack] Obama, tenta hámeses retomar as condições para um diálogo com o Irã. O objetivo ésimples de que [o Irã] abandone o programa. Programa que estamosconvencidos estar ligado ao desenvolvimento de um programa militar”,disse.Segundo Morin, não há dúvidas de que os projetosdesenvolvidos na área nuclear têm fins militares. O ministro dasRelações Exteriores da França, Bernard Kouchner, admitiu que a sanção éuma espécie de retaliação a ser aplicada contra o Irã. “É uma verdadeirachantagem. A única coisa que podemos fazer é aplicar sanções, já que asnegociações não são possíveis”, disse ele.O Conselho deSegurança das Nações Unidas já impôs três rodadas de sanções ao Irã. O conselho de segurança é formado por 15 países, dos quais, entre oscinco permanentes: Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China,quatro são favoráveis às sanções.Atualmente o Irã enriquece urânio a3,5%, mas são necessários 20% para o funcionamento do reator nuclear deTeerã, desenhado para produzir isótopos para fins medicinais. Paraconstruir uma bomba atômica é necessário ter urânio enriquecido em ao menos 90%.Pelamanhã, em Brasília, o embaixador do Irã no Brasil, Mohsen Shaterzadeh,defendeu a iniciativa de seu país. Segundo ele, o Brasil apoia adecisão. O diplomata passou a tarde de hoje (8) em reuniões noItamaraty. Ele negou que existam planos para fins não pacíficos, comofabricação de armas e bombas, a partir do urânio enriquecido.“Ospaíses como Brasil e Irã não querem usar energia nuclear para produzirarmas. A energia nuclear no Irã como o Brasil é para a área demedicina, agricultura. Esse é o direito de aproveitar da tecnologiapara o bem-estar da população”, disse o embaixador.