Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Depoisde terem sido obrigados a interromper uma visita à PenitenciáriaEstadual Feminina de Tucum, em Cariacica (ES), representantes de comissão formada por entidades de direitos humanos devem denunciar o caso ao Conselho de Direitos Humanos da Organização dasNações Unidas (ONU) e também à Organização dos Estados Americanos (OEA).De acordo com a diretora adjunta da ONG Justiça Global, Sandra Carvalho, a comissão iniciou a visita na manhã da última sexta-feira(5). Logo na entrada, a equipe foi proibida de ingressar na unidade com equipamentos de imagem – aindaque o objetivo fosse investigar uma série de denúncias feitas pelaspróprias detentas. Durante todo o tempo, segundo ela, a equipe foiacompanhada por um representante da diretoria do presídio.“Nãoestávamos tendo independência para conversar com as detentas.Prosseguimos dessa forma e nos informaram que havia uma determinação dosecretário de Justiça e que deveríamos nos retirar e conversar com asdetentas do lado de fora, pelas grades”, contou. Para Sandra, a medidarepresentou uma “expulsão” e uma tentativa por parte do governo doestado de esconder um quadro grave de violação de direitos humanos.Atualmente,a Penitenciária Estadual Feminina de Tucum têm 630 mulheres ocupando as150 vagas previstas para o local. De acordo com as denúncias, quase todas as mulheres apresentam problemas de pele e ginecológicos. Entretanto, não há atendimento médico.De acordocom o padre Xavier Paulillo, representante da Pastoral do Menor do Espírito Santo, as presas - as poucas com as quais conseguiu falar - apresentaram balas de borracha queestariam sendo usadas por agentes penitenciários no local. Ele relatou ainda a presença de contêineres nopátio central. “Para presas em regime semiaberto e com bomcomportamento”, explicou, baseado em relatos das detentas. Uma série dereportagens da Agência Brasil já havia denunciado o uso de contêineresem presídios no estadoSegundo o padre, o argumento utilizado paraa retirada abrupta da comissão do local foi que os visitantes estariamem risco. Mas o próprio religioso fez questão de lembrar que asdetentas foram recolhidas para as celas antes que a comissão chegasse àcarceragem.Até a próxima semana, a comissão deve finalizar umrelatório sobre o episódio. Depois detraduzido, o documento será levado à ONU e à OEA em março.Autoridades do governo do Espírito Santo e do governo federal também devem receber uma cópia.A Agência Brasil entrou em contato com a assessoria do governo do Espírito Santo, mas até o momento da publicação desta matéria ainda não havia recebido um posicionamento sobre as reclamações das entidades civis.