Cnem inicia investigação sobre suspeita de radiação na água de município baiano

25/01/2010 - 15h05

Pedro Peduzzi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A AgênciaInternacional de Energia Atômica (AIEA) da Organização das Nações Unidas (ONU) e a Comissão Nacional deEnergia Nuclear (Cnen) farão uma auditoria - de hoje (25) até o dia 3 de fevereiro - para verificar as instalações das Indústrias Nucleares do Brasil (INB) e a qualidade da água da região. O pedido de auditoria foi feito pela própria estatal que é suspeita de contaminar com radioatividade parte daágua consumida pela população da cidade baiana de Caetité. Oconsumo de água em três pontos da cidade foi proibido após notificaçãodo Instituto de Gestão das Águas e Clima (Ingá), entidade ligada àSecretaria de Meio Ambiente do estado, apontando índices de radioatividadesuperiores ao permitido pelo Ministério da Saúde. Dois pontosestão localizados na sede da INB. O terceiro, um poço utilizado paraabastecimento de 15 famílias, fica na prefeitura do povoado Barreiro,zona rural de Caetité. Em resposta, a INBdivulgou uma nota afirmando que “dois dos três poçosnotificados pelo Ingá estão dentro da unidade da INB e são utilizadossomente para fins industriais”, e que o o poço de Barreiro “fica aseis quilômetros da mina de urânio, não sendo possível pelo caminhonatural das águas ter tido contato com material proveniente da sua unidade de produção”.Anota afirma, ainda, que pode ocorrer aumento das concentrações deurânio nas águas subterrâneas do município de Caetité, uma vez queexiste uma grande reserva natural de urânio na região. “Não é aprimeira vez que esse tipo de denúncia é feito em Caetité. Em outrassituações apresentaram inclusive dados falsos que não foram confirmadosem análises posteriores”, disse hoje (25) à Agência Brasil o presidentedo Cnen, Odair Dias Gonçalves, referindo-se a denúncias feitas em 2008.No caso do poço de Barreiro, Gonçalves garante que “não há como a contaminação ter sido causada pela INB”. Ele explica que o curso da água passa primeiro na localidade e, só depois, na empresa, a caminho do mar.“Caetité é uma região uranífera. Com isso, naturalmente, pode vir aapresentar, em alguns pontos, traços de água com índices deradioatividade mais altos. Isso é perfeitamente normal”, acrescentou.Segundoele, a população “não precisa se preocupar” porque a Cnem tem umprograma usual de inspeção de postos. “De qualquer forma vamos medirnovamente o índice de radioatividade desses pontos, mas sem partir dopressuposto de que os números [apresentados pelo Ingá] sejamverdadeiros”, disse Gonçalves. Por meio da assessoria, o Ingá isse não ter comoafirmar, ainda, a origem da radiação, e que ao instituto cabe apenas notificaras autoridades de que a água não estaria própria para consumo.