Ivan Richard e Ivy Farias
Repórteres da Agência Brasil
Brasília e São Paulo - Opresidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu hoje (22) aos usineirosque se comprometam com a fabricação de etanol para garantir oabastecimento do mercado interno e mostrar ao mundo que o país temcondições de atender a demanda externa. Ele fez o apelo aosprodutores de cana-de-açúcar ao participar da inauguração doCentro de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE), em Campinas(SP).“Não podemos passar para o mundo que não estamos dandoconta nem do nosso mercado”, disse Lula, referindo-se à recenteautorização dada pelo governo para reduzir de 25% para 20% opercentual de álcool anidro na gasolina. A medida foi tomada paraevitar problemas no fornecimento de etanol num momento de entressafrada cana-de-açúcar.
De acordocom Lula, nem o excesso de chuvas, que prejudicou o corte dacana-de-açúcar, nem a alta do preço do açúcar no mercado externojustificam a ameaça de desabastecimento de etanol no Brasil. Eledisse que é impossível manter “um pé no céu e outro noinferno”, em alusão à suposta preferência da cadeia produtivapela fabricação de açúcar, em razão da elevação da cotaçãodo produto no mercado internacional.
Essa situação, alertou, podecomprometer o trabalho de promoção que o país está fazendo noexterior para que os europeus e asiáticos determinem a misturaobrigatória de 3% de álcool anidro na gasolina. Para evitar isso, Lula pediu ao ministros Jorge Miguel (Desenvolvimento) e ReinholdStephanes (Agricultura) que marquem uma reunião com os usineiros para discutir umaestratégia para o setor.
“Querodizer de que não pode ser assim”, advertiu Lula aos usineiros. “Oálcool quase acabou neste país porque não havia seriedade nemhavia um ajuste de conduta dos empresários, do governo, dosprodutores e da indústria”, lembrou. “Quando a gente tenta fazerdo etanol uma matriz energética é preciso que tenhamos seriedade.Não dá para vocês serem empresários do setor energético quando oálcool estiver com bom preço e serem empresários da agriculturaquando o açúcar aumentar de preço”, reforçou Lula. “Ou damosa garantia [|às economias importadoras de etanol] ou teremosnovamente uma cara de desconfiança deles, como tivemos há 20 anos”
Lulaacrescentou que o Brasil está a frente de todos os outros em relaçãoà tecnologia de fabricação de combustíveis renováveis. Noentanto, assinalou que toda a experiência e oportunidades decomercializar o etanol brasileiro podem ir ir terra se o país nãogarantir fabricação do produto. Em seu discurso, o presidentetambém defendeu a importância de o país investir em pesquisa paraaumentar a produtividade da cana brasileira, o que terá reflexo naprodução de etanol e de açúcar. Durante a solenidade, ele estavaacompanhado da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, doministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e dosenador Eduardo Suplicy (PT-SP)