Saúde básica e educação devem ser prioridades para reverter caos social no Haiti, diz socióloga

15/01/2010 - 15h14

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Parareverter o caos social no Haiti, agravado pelo terremoto que destruiua capital, Porto Príncipe, na última terça-feira (12), deve serpriorizada a saúde básica no processo de reconstrução do país. Asugestão é da socióloga e ex-ministra de Assistência Social Wanda Engel.Em entrevista àAgência Brasil ela destacou a necessidade de concentrar aatenção na área de educação, incluindo a capacitação dosjovens “para serem os construtores de um novo país”. Mais dametade do povo haitiano tem menos de 18 anos.Atual superintendenteexecutiva do Instituto Unibanco, Wanda Engel lembrou que o Haitiapresenta os piores índices sociais de toda a América Latina, “emtermos de renda, de analfabetismo, de mortalidade infantil, dedesnutrição, cujos índices se assemelhavam aos da Guatemala”.Nesse particular, aex-ministra destacou a coincidência de a médica Zilda Arns, queconseguiu reverter os índices de desnutrição infantil no Brasil,estar justamente no Haiti no dia do terremoto, onde pretendia iniciarum trabalho com o mesmo objetivo.Para Wanda Engel,índices tão ruins refletem a fragilidade institucional que jáhavia no Haiti e se somam agora ao caos instalado. Ela destacou anecessidade de ajuda internacional em todos os níveis, mas advertiuque não adianta “só botar o dinheiro lá”.“Tem que haver umreforço institucional para um país que perde grande parte de suapopulação e não dá o mínimo de condições para o povo. Ali écaos do caos mesmo”.A socióloga lembroutambém que é necessário educar o próprio povo haitiano. “Umaquestão do povo e das próprias instituições. Você não conseguechegar ao povo se não tiver institucionalidade. Ou seja, serviçosde saúde, serviços de educação, refazer o serviço de transporte.Tudo faz parte de uma engrenagem. E se essa engrenagem quebra, elatem de ser reconstituída em todas as suas partes”.Segundo Wanda Engels, não adianta dar educação se o povo não temsaúde para aproveitar a oportunidade educacional, por exemplo. “Éum todo que vai ter de ser reconstituído. Dinheiro é bom. Mas, seminstitucionalidade, não vai adiantar de nada”.No lado social, elaobservou que a condição essencial é as pessoas estarem vivas e comum mínimo de saúde. “Você tem aqui a questão da saúde comoprioridade absoluta neste momento. Depois, eu daria prioridade areconstruir escolas e ao sistema de mobilização, além dacapacitação dos jovens”.