Engenheiros voltam a propor criação de instituto de geotecnia para o estado do Rio

15/01/2010 - 15h35

Flávia Villela
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A tragédia ocasionada pela forte chuva no Rio poderia ser evitadase houvesse um Instituto de Geotecnia mapeando e administrando asáreas de risco de deslizamento em todo o estado. A afirmação éconsensual entre engenheiros e geólogos que participaram hoje (15)do 2º Seminário sobre Prevenção de Acidentes em Encostas no Clubede Engenharia, no centro do Rio.A proposta é antigae recorrente em encontros como esse, mas ganhou força com osdesastres em Angra dos Reis, na Costa Verde, e na Baixada Fluminense,no início do ano, que custaram a vida de mais de 70 pessoas noestado, além de prejuízos materiais. A ideia foi discutida pelaprimeira vez há cinco anos, no primeiro simpósio, realizado nacidade de Angra dos Reis.Para o presidente doClube de Engenharia, Francis Bogossian, é crucial que neste momentoexista um órgão com atuação direta nos problemas geológicos egeotécnicos das regiões montanhosas do Rio.“Vamos continuarbatendo nesta tecla, pois acreditamos que é fundamental a existênciade um órgão que ajude no trabalho de prevenção”.Dados do Serviço Geológico do Brasil (SGB) mostram que 81% dos 92municípios do Rio de Janeiro têm riscos geológicos. No entanto,segundo Bogossian, apenas a cidade do Rio dispõe de uma fundaçãoque mapeia áreas de risco e disciplina construções de encostas, aGeo-Rio.“Há municípios doRio que mal têm recursos financeiros para se manter, que diráinvestir em controle de deslizamentos de encostas. Nesses casos, osgovernos estadual e federal têm papel vital”.A secretáriaestadual do Ambiente, Marilene Ramos, que participou do evento, disseque o governo do estado estuda formas de apoiar os municípios para ocontrole de deslizamentos. No entanto, ela descartou a criação deum instituto estadual para este fim.“A questão dasencostas é uma questão municipal. O estado não tem comodiretamente fiscalizar, o controle de ocupação e a manutenção deencostas e drenagem”Segundo a secretária,o estado pode, sim, ajudar as prefeituras mais carentes, estruturandogrupos de trabalhos, em parceria com as universidades, para ajudar osmunicípios a preparar projetos, mapear áreas de risco e acessarrecursos federais para a contenção de encostas.O presidente do Clubede Engenharia afirmou que, embora Marilene Ramos tenha razão doponto de vista legal, na prática, um instituto estadual de geotecniapoderia dar apoio técnico aos municípios mais carentes.Para Bogossian, outrapossibilidade seria transformar a Fundação Geo-Rio numa fundaçãoestadual. “E quem sabe essa seria a semente para a criação de umInstituto Federal de Geotecnia”.