Vantagem da direita no Chile não surpreende, dizem especialistas brasileiros

14/01/2010 - 6h18

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A corrida presidencial no Chile mostra que há poucas diferenças entreos candidatos da direita e esquerda, enquanto a desvantagem doesquerdismo na disputa é provocada pela falta de oxigenação depropostas. A análise foi feita por especialistas brasileiros à Agência Brasil.Os professores doutores da Universidade de Brasília (UnB) Amado Cervo eVirgílio Arraes observaram que Sebastián Piñera (Alianza) e EduardoFrei Ruiz (Concertación) têm muitos aspectos comuns.“Nãosurpreende a vantagem da direita no Chile porque o país tem raízesconservadoras e neoliberais. O conservadorismo é muito presente noChile nos aspectos político, econômico e social”, afirmou Cervo, doDepartamento de Relações Internacionais da UnB. “O Chile é um paísbastante crítico em relação à política sul-americana no que se refere àascensão de governos chamado de esquerda, como de Chávez [Hugo Chávez,da Venezuela] e Evo Morales [da Bolívia] à margem da globalização.”TantoPiñera como Frei estiveram com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no primeiro turno das eleições. Ambos demonstraram interesse emmanter as relações com o Brasil, intensificando o comércio bilateral, eem ações comuns. “Antes de tudo, é necessário saber de que esquerdase fala no Chile”, advertiu Arraes, especialista em relações internacionais. “A Concertación [de Frei e da presidente MichelleBachelet] manteve a política social de Pinochet”, disse. “Avantagem a Piñera demonstra uma decepção do eleitorado, daí o novo'pinochetismo' e até mesmo a falta de oxigenação da coligaçãoConcertación.”Cervo e Arraes descartam a hipótese de retorno deadmiradores do general Augusto Pinochet – presidente autoritário quegovernou o Chile de 1973 a 1990, depois de liderar um golpe de Estadoe promover uma gestão repleta de denúncias de abusos, arbitrariedades,perseguições, torturas e até assassinatos.“Não há essapossibilidade porque aquela figura-símbolo paterna não agrada mais. Nãoconecta mais porque há tantas denúncias contra ele [morto em2006], que é um símbolo que não deve ser mais evocado”, disse Arraes.