Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Às voltas com as reações causadas pela corrida ao comércio por causa da maxidesvalorização da moeda, o governo da Venezuela anuncia hoje (12) o plano de racionamento intermediário de energia em todo o país. As medidas vão desde cortes de energia até mudanças no horário de funcionamento de serviços públicos. Paralelamente as autoridades do setor buscam alternativas para evitar o desabastecimento. Uma das propostas é cortar a luz por cerca de quatro horas por dia e autorizar o fornecimento apenas em áreas específicas. Outra medida que deve ser adotada é reduzir o horário de funcionamento dos departamentos públicos, aproveitando a luz do sol, abrindo às 8h da manhã e encerrando às 13h. No último domingo (10), o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, em seu programa de televisão Alô, Presidente não escondeu sua preocupação com a redução do nível de água do mar. Nesta terça-feira, os presidentes e diretores das companhias de energia elétrica se reúnem para anunciar os detalhes do plano.No mês passado, Chávez foi à televisão e apelou para que a população reduzisse o consumo de energia em todo país. Bem-humorado, sugeriu que os banhos fossem rápidos e que as pessoas abandonassem banheiras e jacuzis. O plano de racionamento ocorre no momento em que a Venezuela passa por drásticas mudanças na sua economia. Chávez anunciou a criação de uma taxa cambial dupla – uma para os setores básicos da economia, com um dólar a 2,60 bolívares, e outra para o restante da economia, com o dólar a 4,30 bolívares. A taxa oficial de câmbio era mantida estável pelo governo desde 2005 em 2,15 bolívares por dólarA iniciativa provocou uma corrida às lojas de produtos importados, principalmente eletrodomésticos, em decorrência da remarcação de preços. Indignado, Chávez colocou o Exército, a Guarda Nacional, os Conselhos Comunitários e o Comitê de Controladoria para fiscalizarem os abusos. De ontem (11) para hoje 70 lojas foram fechadas.De acordo com estudos publicados hoje (12) na imprensa venezuelana, a desvalorização do bolívar provocou uma perda de 62,3% no salário mínimo da Venezuela em comparação com os últimos 27 anos. Porém, Chavez insiste que as mudanças de câmbio vão gerar efetivamente a duplicação receitas decorrentes da venda de petróleo e o governo poderá elevar os investimentos em mais de 50%.