Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Apesar de obter bons resultados na redução da pobrezano país, o Brasil não tem conseguido enfrentar com eficiência adesigualdade de renda. Dados divulgados hoje (12) pelo Instituto dePesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostram que a desigualdade caiu0,6% nos últimos cinco anos (2004-2008), enquanto a pobrezaextrema decresceu 1,8%, e a pobreza absoluta, 3,1%. (São consideradospobres extremos aqueles que recebem até 25% de um salário mínimo pormês, enquanto os pobres absolutos dispõem mensalmente de até 50% de umsalário mínimo.)“A pobreza é um fenômeno que permite serenfrentado com crescimento econômico e com medidas de transferência derenda. No caso da desigualdade, ela não se reverte apenas com esse tipode ação. Ela exige ações mais sofisticadas, que dizem respeito aredistribuição da própria riqueza gerada. Portanto, passa por políticasde tributação e não só políticas de gastos e despesas sociais”, explicao presidente do Ipea, Marcio Pochmann.De acordo com o Ipea, seo país mantiver, nos próximos seis anos, o mesmo ritmo de queda dapobreza e da desigualdade observados nos últimos cinco anos, o Brasil terá,em 2016, uma taxa de pobreza extrema de 0% (em 2008 era de 10,5%), e depobreza absoluta de 4% (em 2008 era de 28,8%). A desigualdade, noentanto, permanecerá alta, em 0,488 da escala Gini (em 2008 era de0,544). A escala Gini varia de 0 a 1: quanto maispróximo do zero, menor é a desigualdade de renda num país e, quantomais próximo de 1, maior a concentração de renda.“É maiseficiente para o bem estar da população a queda simultânea [de pobrezae desigualdade]. O Brasil avançou mais em política de distribuição darenda arrecadada [com medidas de distribuição de renda], mas ainda temum caminho muito grande pela frente para redistribuir de fato a renda,o que implicaria incluir na política social a política tributária”,avalia Marcio Pochmann.Dados do Ipea mostram que, no ano de2003, famílias com renda de até dois salários mínimos gastavam 48,9% desuas receitas com impostos, enquanto que famílias com renda superioresa 30 salários mínimos gastavam apenas 26,3%.