Mesmo pressionado pelo governo argentino, presidente do BC diz que não renuncia

07/01/2010 - 13h10

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Pressionado pelapresidente da Argentina, Cristina Kirchner, a deixar o cargo, opresidente do Banco Central (BC) do país vizinho, Martín Redrado,reiterou hoje (7) que não renuncia. Ele disse que exerce suasatividades normalmente. As divergências entre Cristina Kirchner eRedrado geraram uma nova crise na Argentina. Para a presidente, o BCdeveria liberar recursos das reservas para o pagamento da dívidaexterna, mas Redrado é contra a medida.“Estou trabalhandocomo nos últimos cinco para garantir a estabilidade financeira, aprevisibilidade cambiária, que são elementos indispensáveis paraassegurar o crescimento e a tranquilidade de todos os argentinos”,disse Redrado. Porém, assessores diretos de Cristina Kirchnerinsistem em afirmar que o presidente do BC vai aceitar o pedido para deixar o cargo.A demissão de Redrado é definida, em votação, pelo CongressoNacional da Argentina. Depois das eleições do ano passado, ogoverno perdeu a maioria no Parlamento.No Congresso, formadopor 257 deputados e 72 senadores, a maioria dos parlamentares semanifestou extraoficialmente favorável à manutenção de Redrado nocargo. Sem apoio no Parlamento, Kirchner enfrenta críticas daoposição, que ameaça recorrer à Justiça caso a presidenteinsista em utilizar recursos das reservas para o pagamento da dívidaexterna.Desde o final de 2009, Cristina Kirchner e Redrado sedesentendem. Na Argentina, o Banco Central é autônomo eindependente, o que impede o governo de demitir seu presidente. Omandato de Redrado acaba apenas em setembro. Ontem (6) assessores dapresidente anunciavam como certa a substituição de Redrado porMario Blejer, ex-titular do BC.A pressão pela troca decomando do Banco Central da Argentina ocorre no momento em que háoutra crise no país vizinho. Cristina Kirchner foi surpreendida comsinalizações do seu vice-presidente, Julio Cobos, de que elepretende concorrer às próximas eleições. Nesse caso, Cobos seriaadversário de Néstor Kirchner, marido de Cristina e ex-presidenteda República.