Brasil deve abrir arquivos da ditadura seguindo exemplo da Argentina, diz OAB

07/01/2010 - 16h27

Ivan Richard
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Opresidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), CezarBritto, disse hoje (7) que o Brasil deve seguir o exemplo da Argentinae abrir todos os seus arquivos secretos referentes ao período da ditaduramilitar. Ontem (6), o governo argentino anunciou a decisão dedesclassificar todos os documentos sobre as Forças Armadas durante osanos de 1976 e 1983, período da ditadura militar.Brittoclassificou a medida adotada pela presidente Cristina Kirchner comocorajosa e a única capaz de evitar erros do passado. “A Argentina, quesofrera uma ditadura sanguinária, compreendeu corajosamente que o únicomeio de evitar a repetição do passado é contando a história deverdade”, disse o presidente da OAB, por meio de sua assessora. "Odireito à memória e à verdade deve ser assegurado pelo Estado, jamaisdeve ser dilapidado pela lógica do medo ou da clandestinidade",acrescentou Britto.No final do ano passado, a ideia de se criara Comissão Nacional da Verdade, instância que, se aprovada peloCongresso Nacional, vai analisar os casos de violações de direitos humanos naditadura militar, entre 1964 e 1985, abriu uma crise entre as ForçasArmadas e a Secretaria Especial de Direitos Humanos. Logo após o anúncio do Programa Nacional de Direitos Humanos, em 21 de dezembro,o ministro da Defesa, Nelson Jobim, e os comandantes da Marinha,Exército e Aeronáutica, chegaram a colocar seus cargos à disposição dopresidente Luiz Inácio Lula da Silva por discordar da iniciativa dacriação da comissão.Para contornar a crise, Lula teriaprometido aos militares alterar alguns pontos da proposta de criação daComissão da Verdade. Já o ministro Paulo Vannuchi, da SecretariaEspecial dos Direitos Humanos, ponderou que a criação da comissão não é um ato contra as Forças Armadas.