Angra tem 46 mortos vítimas da chuva

04/01/2010 - 6h47

Flávia Villela
Enviada Especial
Angra dos Reis (RJ) - Chega a 46 o número de mortes em consequência dos deslizamentos de terra ocorridos no réveillonem Angra dos Reis, no litoral sul fluminense. Até o fim da tarde desse domingo (3),cinco corpos haviam sido encontrados, um na Enseada do Bananal, emIlha Grande, onde 29 pessoas morreram e três ainda estãodesaparecidas, e quatro no Morro da Carioca, no centro de Angra,aumentando para 17 o número de vítimas. Ali, duas crianças foramencontradas com a ajuda de cães farejadores e, no fim da tarde, os corposde dois adultos foram retirados dos escombros com a ajuda de umaretroescavadeira. Foi necessária a demolição de duas casas interditadaspara que a máquina chegasse ao local do deslizamento. Três pessoascontinuam entre os escombros, entre elas duas crianças. Por volta das 20h, os bombeiros encerraram os trabalhos devido à poucaluminosidade. Os trabalhos recomeçam às 7h de hoje. Durantetodo o dia e parte da noite de ontem, dezenas de moradores subiam edesciam o morro para retirar seus pertences das casas. Idosos ecrianças, voluntários, bombeiros e homens da Defesa Civil ajudaram notransporte de eletrodomésticos, móveis, roupas e objetos dosmoradores das casas próximas ao local do acidente.Moradora doMorro da Carioca há 30 anos, a professora Ana Cláudia dos SantosPereira disse que embora sua casa não esteja interditada, todas ascasas acima de sua residência devem ser demolidas pela Defesa Civil.Ela, o marido e o filho vão ficar na casa de parentes. “Eu não voltopara cá. Vou esperar para ver? Vamos procurar uma casa para alugar.Pelo menos até passar o período de chuva, que é o mais perigoso eque deve durar uns três meses, não piso mais aqui.” Ana Cláudia disseainda que os deslizamentos são comuns em Angra, mas que nunca viu tamanhatragédia. “A gente estava em casa por volta da 1h do dia 1º. De repente, acabou a luz e só ouvimos pessoas gritando, gentechorando, porque havia perdido a família. Horrível.”  Aaposentada Dalila Penha Silva teve a casa interditada pela Defesa Civile está na casa de amigos com os filhos. Ela afirmou que quase foisoterrada na noite da tragédia. “Eu estava na casa davizinha e ouvi o estrondo. Estava saindo para ver o que tinhaacontecido, mas meu neto me puxou na hora. Infelizmente, perdemosmuitos amigos”.A casa do aposentado Aldenir Alvim Moreira estálocalizada na parte de baixo do morro, longe da área do acidente. Aindaassim, ele disse que todos os moradores do morro estão apreensivos porcausa da temporada de chuva. “Se chover, vai ter queevacuar a área toda. Tem muita pedra para rolar ainda e se for muitogrande pode passar por cima das casas lá em cima  e chegar cá embaixo.Por isso, ninguém está dormindo direito. O morro está todo condenado”.Quase 1.000 pessoas desabrigadas ou desalojadas estão em escolas e abrigos daprefeitura, casas de parentes ou amigos. O Departamento Nacional deInfraestrutura de Transportes (Dnit) informou que caso chova nas próximashoras, a Rodovia Rio-Santos será novamente interditada por medida desegurança.A Defesa Civil do Rio informou que, em todo o estado, 68 pessoas morreram.