Vannuchi: Comissão da Verdade não é contra as Forças Armadas

01/01/2010 - 13h46

Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Oministro Paulo Vannuchi, da Secretaria Especial dos Direitos Humanosda Presidência da República, disse que a criação da Comissão daVerdade não é um ato contra as Forças Armadas. Ao defender aapuração de fatos ocorridos no período da ditadura militar,Vannuchi argumentou que não há motivos para divergências entre aárea de direitos humanos do governo e as pastas da Defesa emilitares. “Criar a Comissão da Verdade é a favor dasForças Armadas, que são formadas por oficiais militares das trêsarmas, pessoas dedicadas à pátria, ao serviço público, comsacrifícios pessoais, das suas famílias. Esses oficiais não podemser misturados com meia dúzia, uma dúzia ou duas dúzias de pessoasque prendiam as opositoras políticas, despiam-nas e praticavamtorturas sexuais, que ocultaram cadáveres. É um grande equívoco eeu tenho certeza de que o ministro da Defesa [Nelson Jobim]sabe disso”, disse Vannuchi em entrevista à Agência Brasil.Oministro defendeu a criação da Comissão da Verdade como forma denão permitir o uso das Forças Armadas para acobertar crimes contraos direitos humanos. “É necessário terminar um processo semrevanchismo, sem retorno ao passado e de mãos estendidas para areconciliação nacional. Mas essa reconciliação não poderepresentar acobertar, jogar milhares de bons cidadãos brasileiros,do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, na defesa de pessoas quepraticaram crimes de lesa-humanidade”, defendeu.A criaçãode uma comissão especial para investigar casos de tortura edesaparecimentos ocorridos durante a ditadura militar (1964-1985)causou divergência entre Vannuchi e Jobim, além de desagradar aosmilitares. Para Jobim e para os representantes das Forças Armadas, acomissão especial teria o objetivo de revogar a Lei de Anistia de1979.Vannuchi, noentanto, diz que quem se opõe não leu o projeto. “O programa nãoé contra a Lei da Anistia. Não se trata nem de revisão e nem deanular a Lei de Anistia. Está lá, no item que propõe a açãoprogramática 23, que propõe a elaboração de um projeto de lei, atéabril, instituindo uma Comissão Nacional da Verdade, nos termosdefinidos pela Lei da Anistia. Não vou ficar neste momento correndoatrás da imprensa para explicar. Não há nenhum sentidorevanchista”, disse o ministro.Aquestão, de acordo com Vannuchi, será resolvida pelo presidenteLuiz Inácio Lula da Silva em uma reunião que deverá ocorrer assimque ele voltar ao trabalho. “Neste momento há uma claraorientação do presidente Lula, que está na Bahia para um recessomerecido. No dia 11 de janeiro, ele estará de volta e nesse diaestaremos juntos ouvindo as orientações do presidente.”